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sexta-feira, outubro 16, 2009

O CHARME DISCRETO DA BURGUESIA SEM GRAVATA

Habitualmente, não costumo usar gravata. Sobretudo no Verão, a gravata aperta-me os gorgomilos e torna-se incómoda e por isso prefiro uma boa e chic camisette de marca, estilo Lacoste. No Inverno, com um pouco de frio, uma camisola de lã de gola redonda , também de boa marca, sabe-me melhor e protege-me mais a garganta. Mas uso a burguesa gravata quando vestido para um evento com algum peso protocolar, mais ou menos institucional, público ou privado. Enfim, tiques de burguês inveterado.
A vida social está cheia de convenções e de liturgias. É infantil pretender-se que a distinção entre o conservador e o progressista passa por saber ou não suportá-las.

Está ainda para acontecer uma primeira e única ocasião em que poderei ver uma imagem de qualquer dirigente político, deputado, autarca ou candidato do Bloco de Esquerda usando uma singela e protocolar gravata .
Talvez tal padronizado comportamento possa acontecer por simiesca imitação da moda que era imposta na China de Mao-Tse-Tung, esse grande líder democrata já desaparecido e enterrado, material e politicamente, há umas quantas décadas atrás. Obsessiva moda também adoptada nesse outro regime exemplarmente democrático que é a teocracia dos ayhatolas do Irão, para marcar a rejeição dos valores da cultura ocidental, de entre os quais merece destaque o dos direitos humanos.
Haverá quem veja nessa necessidade imitativa a explicação para tão reiterado hábito dos prosélitos dos líderes supremos do BE . Pela minha parte, a explicação poderá ser todavia mais simples. Julgo que será apenas como resultado de um serôdio cabotinismo . Era tempo dele se libertarem alguns vultos mais credíveis, e com tiques menos adolescentes, do esquerdista Bloco.
Não deixa de ser muito curioso que o seu querido líder-coordenador veste sempre fatos de impecável recorte e elegância, de marca Armani ou coisa semelhante, muito ao jeito dos habitualmente vestidos pelo Primeiro-Ministro, apenas sem as brilhantes gravatas de cor única que este usa.
E não menos curioso, também, é que as meninas e senhoras do Bloco de Esquerda, assim género Joana Amaral Dias ou Ana Drago, se apresentam em geral chiquérrimas, com belos vestidos ao melhor estilo da Moda Lisboa, bem penteadas, e com unhas impecavelmente pintadas de vermelho vivo .



Nota
O charme discreto da burguesia” é o título de um conhecido filme de Luis Buñuel, o mestre do surrealismo cinematográfico espanhol.

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