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sexta-feira, setembro 25, 2009

EM JEITO DE JUSTIFICAÇÃO DO VOTO

Nos tempos muito sombrios e dificeis que se avizinham, com a recessão internacional ainda não debelada, em que vão ter de ser tomadas muitas medidas dolorosas e impopulares, em que, por pertencermos à zona Euro, vai ser de novo necessário reduzir o défice das contas do Estado (que deve atingir níveis dramaticamente elevados devido à quebra de receitas e aos meios financeiros que o Estado teve de injectar na economia), em que vai ser imperioso reduzir o défice externo, em que é indispensável prosseguir com reformas vitais para a modernização do País, para aumentar a competitividade da sua economia, e para fazer diminuir as gritantes desigualdades sociais,

- um cenário de um governo fraco, resultante de eleição com uma pequena maioria relativa, suportado apenas por uma minoria parlamentar, sempre na iminência de ser desfeiteado no Parlamento, a ter de negociar constantemente os apoios para tomar medidas legislativas, e por isso mesmo lento e frouxo a decidir, dando uma imagem de perda da autoridade do estado democrático, enfim um cenário de ingovernabilidade latente e perigosa ;

é tanto mais assustador quanto mais reduzida for a maioria relativa obtida, podendo-se chegar ao ponto de, numa qualquer votação parlamentar de uma proposta do Governo, não bastar o voto ou a abstenção de apenas um outro partido para a aproposta ser aprovada ;

e é muito, muitíssimo pior do que

- um cenário de um governo com apoio parlamentar estável, resultante de eleição com maioria absoluta, mesmo que liderado por primeiro-ministro irritante, arrogante, excessivamente teimoso, algo despótico, não tolerando ser contrariado, demasiado propenso à propaganda ficcionista, com muitos pontos obscuros e muitas histórias mal contadas no seu passado académico e profissional, com erros e disparates cometidos na sua governação anterior (Notas) .

Apesar de tudo isto, este segundo cenário representa um mal menor . Nas actuais circunstâncias, o PS é o partido que está mais próximo de eventualmente alcançar a maioria absoluta , ou pelo menos a menos reduzida maioria relativa, (podendo acontecer que os muitos ainda indecisos não queiram trocar o certo pelo duvidoso ) . Por isso o meu voto irá no sentido de ajudar e contribuir para a concretização daquele segundo cenário. Remotamente possível, é certo, mas ainda assim não de todo impossível.

Sim, será um voto útil. Uma opção pelo mal menor. Como quase sempre tenho votado nos últimos tempos. Quem não tem cão, caça com gato. O que diz alguma coisa sobre a degradação da qualidade da nossa classe política. Mas sem que, o meu voto útil signifique, de forma alguma, que me considere sem estrutura ideológica consistente.

Notas
1. De qualquer forma, não estou de acordo, de todo, com a esquizofrénica tese da diabolização de José Sócrates. Co’s diabos, o homem também tem qualidades, e não fez só coisas mal. Tem
experiência governativa adquirida nestes últimos quatro anos, e o eleitorado já sabe mais ou menos com o que contar.
Nem tão pouco alinho na treta dessa disparatada cantilena da “claustrofobia democrática” (que
depois virou “asfixia democrática”, coisa mais séria...), das teorias conspirativas, das espionagens das secretas, do condicionamento da liberdade, dos cidadãos que andam por aí a tremer de medo de falarem... Cuja utilização obsessiva, associada à ausência de serenas propostas pela positiva, acabou por fazer perder credibilidade à líder do PSD.

2. Estou também a contar que o futuro Ministro das Finanças volte a ser Teixeira dos Santos. Tem sido um bom Ministro, com muita experiência, num cargo difícil que poucos desejarão exercer seriamente. Ele sim, daria um bom primeiro-ministro, no qual eu votaria se fosse candidato a tal nestas eleições , sem ter de fazer recurso ao modelo de opção pelo mal menor.

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