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terça-feira, maio 12, 2009

A INSIDIA DE UMA CARICATURA

Há dias, em evento partidário, a líder do PSD fez as seguintes indecorosas declarações :

“(...) existe neste momento em Portugal um intolerável clima de medo entre as autoridades públicas e os cidadãos . Antigamente, receava-se ser preso se discordasse do poder instituido ; hoje tem-se medo de perder o negócio ou o emprego; hoje tem-se medo de retaliação, tem-se medo de falar com desconhecidos, tem-se medo de ser escutado ao telemóvel “

A caricatura, a traço muito grosso, sai por isso mesmo grosseira e distorcedora da realidade. Quem tem o desplante de a fazer, de nela se rever, e de tal afirmar com despudor, de três uma :

- ou, sendo ainda adolescente no 25 de Abril de 1974, não tinha ainda clara ideia de como era a vida no Estado Novo, e de como ele funcionava ;
- ou, não sendo já adolescente no 25 de Abril, andava muito distraida e não curava de conhecer e de se indignar com as malfeitorias feitas pelo Estado Novo ;
- ou pretende, pura e simplesmente, fazer feia chicana política, procurando alimentar um clima de medo do qual pretenderá tirar dividendos politicos .

Glosando o tema, Vital Moreira escreve hoje no PUBLICO uma crónica, na qual, com toda a razão, sublinha:

“(...)
Sabendo-se que Ferreira Leite não se estava a referir à Madeira, desde sempre governada pelo PSD, onde os atropelos à democracia são o que sabe, a simples sugestão de um ambiente repressivo assimilável ao da ditadura do Estado Novo constitui uma intolerável insídia politica, imprópria de um partido com as responsabilidades do partido fundado por Sá Carneiro”

(...)
Pelo contrário, instalou-se um clima de laxismo e de complacência generalizado, mesmo perante as situações do sectarismo mais intolerante, dos insultos mais soezes e de verdadeiras agressões à integridade moral das pessoas ( que os políticos não deixam de ser). Toda a gente diz tudo o que lhe dá na gana. Com excepção dos sectores das forças de segurança e das forças militares (também era o que faltava!) o estatuto disciplinar e a lei penal quase entraram de licença sabática, em matéria de infracções praticadas a pretexto da crítica e do combate político. Neste contexto, falar de um “clima de medo e de intimidação” constitui uma flagrante contradição com a realidade, não passando de um exercício de fértil imaginação política e da rasteira demagogia política (...) “

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