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quarta-feira, março 04, 2009

PORTUGAL E O FUTURO...

Gosto de ouvir Silva Lopes, um grande conhecedor da realidade económoca portuguesa, desde há muitos anos. Não fala em dialecto “economês” cerrado. Usa uma linguagem terra a terra, de quem trata os segredos do conhecimento económico por tu, e que quase toda a gente percebe. Em geral, num registo não excessivamente pessimista, deixando sempre a pairar uma pequena brecha de esperança, e com uma certa bonomia. Nisso contrasta flagrantemente com Medina Carreira.
Mas ouvi-o hoje dizer-se, não apenas preocupado, mas desta feita muito assustado com o futuro da economia portuguesa, como consequência da crescentemente assustadora dívida externa. Pressentia-se alguma angústia nas suas palavras, quando dizia não estar muito seguro de que houvesse quem , no próximo ano, nos emprestasse alguns recursos financeiros, e ao prever que, se e quando tal acontecesse, o nosso produto interno poderá cair, num só ano, qualquer coisa como 4 ou 5% . Ou mais, acrescentava....E ao dizer recear que a nossa taxa de desemprego possa atingir rapidamente a escala dos 10%...Ou mais... Acabei por virar um pouco assustado também.
Como acontece com ele, não se ficava pelo diagnóstico. Propunha pistas para a terapia. Pistas dolorosas, mas pistas. Tais como : congelamento dos salários ditos “normais” ; redução das remunerações mais elevadas ( quem diz remunerações, diz pensões...) ; criação de um novo escalão para tributar o IRS, superior ao até agora escalão máximo de 42% ; maior tributação dos lucros em mais valias ( que de resto poucas haverá , nos tempos que correm...).
Tudo isto para o Estado poder melhor minorar as tragédias que se vão abater em cima de tantos portugueses que vão ficar sem emprego.
Silva Lopes nunca foi homem da chamada “esquerda” tonta ou da “esquerda” infantil ou de caviar. Não sei se alguém, ligado ao poder governativo actual, o irá considerar como homem da “direita”. O que sei é que, em minha opinião, as suas pistas de terapia são sensatas, avisadas, e verdadeiramente de “esquerda progressista”. Daquela que, muito para além dos estereotipos e dos clichés, se preocupa verdadeiramente com a salvação da democracia e com uma autêntica solidariedade social

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