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quinta-feira, março 19, 2009

O EFÉMERO, O IMEDIATO E O CURTO PRAZO

Comentando uma conferência do consultor indiano Ram Charan, pronunciada em Lisboa, escrevia aqui há dias Paulo Ferreira no editorial do PUBLICO :

(...)
(...) os últimos anos representaram a vitória do curto prazo sobre o médio e o longo prazo. Isto é verdade para empresários, gestores de empresas, gestores de fundos, analistas financeiros, consultores e toda a comunidade que gravita à volta das grandes empresas e das bolsas.
Aumentar o valor para o accionista passou a querer dizer maximizá-lo já, no imediato. Ainda que isso, como agora vemos, ameace a sobrevivência da empresa de uma forma sustentada, a tal prática anti-social.
É o que tem acontecido. O ritmo trimestral a que as empresas apresentam resultados coloca sobre os gestores uma pressão permanente. Para colocar toda a gente a puxar para o mesmo lado, os donos das empresas criaram bónus para esses gestores que os premeiam pelos lucros alcançados nesses curtos espaços de tempo.
(...)
O sistema está, então, todo virado para o curtíssimo prazo. Premeia o resultado imediato, ainda que no longo prazo isso dite a morte da empresa. “Enquanto não se mudar isto, a maximização do valor para o accionista será anti-social” , defende o consultor .
Claro. Não se pode pedir a uma maratonista que faça a gestão da sua corrida de 42 quilómetros como se ela fosse um somatório de 420 sprints de 100 metros. Mas é isso que se tem estado a pedir a gestores e a empresas. Alguém se admira que elas caiam ?


Como que em achega e complemento àquele comentário, escreve hoje Miguel Gaspar na sua crónica do PUBLICO :

(...)
Precisamos de compreender que da soma dos interesses privados não nasce a defesa do interesse público e que ultrapassar esta crise implica reencontrar uma forma de defender o interesse geral para proteger o interesse de todos. E isso não se aplica só aos mercados financeiros, aplica-se aos estados e aos governos que têm dificuldade em distinguir os interese eleitorais imediatos dos interesses de todos a longo prazo.
(...)

Na nossa política, a nível nacional ou local, podem listar-se muitos e concretos exemplos do que acima se transcreve.
Um deles, é o caso de Santana Lopes nos seus mandatos de gestão municipal na Figueira da Foz (modelo de resto seguido pelos seus prosélitos que lhe sucederam) e em Lisboa. Com Santana Lopes, prevaleceu, na Figueira da Foz, uma propensão para priveligiar o efémero, o imediato, o curtíssimo prazo, porque o que importava era que o mandato na Figueira servisse de tranpolim para a realização de outras ambições pessoais. Deu no que deu. Ambos os municípios ficaram de tanga, cobertos de dívidas, e sem capacidade para continuarem a investir, numa visão a médio ou mais longo prazo. Falta agora ver se a maioria do eleitorado de Lisboa irá nos maviosos cantos de sereia que o eterno e sempre disponível candidato é mestre em cantar. Se for, depois não se queixem se a ilustre individualidade espatifar recursos e levar Lisboa à bancarrota completa. E se for, que não se venham depois queixar ilustres e charmosas personalidades de esquerda ( tipo Helena Roseta) , ou forças políticas organizadas da “esquerda” reaccionária.

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