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segunda-feira, março 09, 2009

ERROS DE CASTING

O BE, designação oficial de um partido portuga com propensão para o infantilismo e para o politicamente chic, propôs José Sá Fernandes para a Câmara de Lisboa. Viu-se agora que terá sido um erro de casting. O Vereador eleito demonstrou independência de espírito, não ler pela cartilha meio cassética determinada pelo “querido líder” do BE, e querer envolver-se e meter as mãos na política concreta de quem se propõe, não fazer mera retórica e agitação política, mas sim resolver problemas concretos. Foi por isso saneado e declarada “persona non grata” pelo mesmo BE.
Futuro erro de casting semelhante auguro relativamente ao candidato proposto agora pelo BE como cabeça de lista para as eleições europeias, o jornalista e historiador Rui Tavares. Pelo que dele tenho lido, não o julgo “encaixável” na cassete oficial do BE, nem na forma nem na substância . E , se for eleito, como provávelmente será, bem poderá contecer que, cedo ou tarde, venha a ser declarado como dissidente e a perder a “confiança politica” do “querido líder” trotskysta ...
Podendo embora discordar muitas vezes da natureza algo académica do conteudo das suas crónicas e artigos, acho que Rui Tavares escreve quase sempre com a sensatez e a sabedoria de quem entende bem o mundo em que vive.
Dou dois exemplos, da sua crónica do PUBLICO de hoje ;

(...)
“ De que falámos durante os últimos anos ? De reformas, da necessidade das reformas, das reformas todas em simultâneo, sem grau de prioridade ou importância, como se um país que deseja reformar tudo levasse alguma reforma a sério. Pois bem: boa parte dessas reformas serviram para tornar a sociedade mais vulnerável à crise que temos agora, outra parte das reformas parece estar ainda a meio caminho. As coisas que se concluiram – e bem – parecem ser diminutas para a vastidão do que nos espera, e o único grande sector que toda a gente concorda que teria de ser reconstruido – a justiça – parece simplesmente irreformável.
(...)
Agora a grande discussão entre o Governo e líder da oposição é se o Estado deve intervir através dos grandes projectos ou do apoio às pequenas e médias empresas. Infelizmente, a distinção também é pouco mais que irrelevante. Num momento em que a produção industrial já caiu quase vinte por cento – um quinto do total em apenas um ano -, aquilo de que precisamos é de um plano de emergência em larga escala. Mas, para ser rápido e eficaz, esse grande plano deve concretizar-se em muitíssimos pequenos projectos : adaptação de edifícios para deficientes, recuperação de centros urbanos, prevenção social nos subúrbios, transportes públicos, o que for. Só isto dará trabalho rápido a calceteiros e engenheiros, assistentes sociais e pequenas e médias empresas . Além de nos ajudar durante a crise, um plano destes faria de nós um país mais justo e decente depois da crise. Mas que interessa isso, se o Magalhães tem erros de ortografia e um deputado disse um palavrão no Parlamento ? "

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