sexta-feira, março 20, 2009
A CRISE E A DERRAMA
A crise, já não a financeira, mas a da economia real, traduz-se num dramático excesso da oferta relativamente à procura . Nestes termos, ela afecta gravemente muitos sectores industriais. A do sector automóvel será porventura uma das mais graves, e das que mais publicidade merece aos media. Mas também grave é a que afecta o sector de pasta e papel.
Quase todas as suas empresas estão a realizar cortes na produção de pasta e/ou papel, através de paragens ditas técnicas. Como ilustrado na notícia acima (1), a StoraEnso, durante muitos ligada à Figueira da Foz, uma das duas maiores empresas do sector à escala mundial, tem feito “curtailments” ( as tais paragens técnicas ) em várias das suas unidades fabris.
Por efeito dos bons resultados das duas unidades fabris de celulose e papel instaladas na Figueira da Foz, a derrama já teve um peso muito importante nas receitas correntes das contas municipais. Em 2001, a receita da derrama foi de quase 7,8 milhões de euros, correspondendo a cerca de 26% das receitas correntes. Depois desse ano, o valor da derrama tem vindo a decrescer, para um nível entre os 2,2 e os 2,5 milhões de euros no período de 2005 a 2007. Falta conhecer o valor de 2008, mas creio que será ainda mais reduzido. No orçamento para 2009 foi feita uma previsão de 1,9 milhões de euros, certamente atendendo já aos esperados maus resultados das empresas em 2008. Não espantará que, para o exercício de 2010, a receita da derrama fique igual a zero, ou próxima disso.
Poder-se-ia pensar que se deveria desde já começar a preparar o futuro, criando-se mais “almofadas”, do lado das despesas, para fazer face a esta futura e outras esperadas carências do lado das receitas. Mas não vejo jeito disso estar a ser feito..
(1)- Notícia in “Pulp & Paper International” de Fevereiro de 2009.
(clicar na imagem para a ampliar)