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sexta-feira, março 06, 2009

A CRENÇA DO GRATUITO OU A ANSIA DE GANHAR VOTOS

Alinhando valentemente ao lado do BE, e quiçá na ansia delirante de, em tempos pre-eleitorais, o ultrapassar pela “esquerda”, o PSD votou a favor da anulação das taxas “moderadoras” aplicadas nas cirurgias e nos internamentos hospitalares.
Como noticia hoje o diário As Beiras, a líder do PS, em visita à Figueira da Foz, e em jeito já de campanha eleitoral, “ criticou que os eleitos da maioria [leia-se do partido do Governo] votem agora contra, mas admitindo que na próxima legislatura possam abolir algumas das taxas “. Criticou bem. Só que o populismo da votação do PSD, hoje, no Parlamento, tirou toda a legitimidade à crítica.
Depois, em Coimbra, a mesma líder , talvez para arrancar aplausos à devota audiência, haveria de lançar a boutade acusatória de haver um enorme descontrolo de custos no Serviço Nacional de Saúde, mas sem apontar uma única pista de terapia.

A este propósito, recupero excertos de um artigo de opinião de Helena Matos ( não propriamente uma apoiante deste Governo ou do seu Primeiro-Ministro, muito longe disso) , lido no PUBLICO do passado dia 26 de Fevereiro.

Na parte que importa transcrever, ele começa assim :

“ (...) 12,43 euros foi quanto pagámos do meu agregado familiar por uma operação de urgência, em Santa Maria, a uma apendicite. Além da operação propriamente dita, foram ainda dois dias de internamento com tudo o que tal implica de alimentação e cuidados de saúde. Os 12,43 euros também pagaram as consultas do pós-operatório. 12,43 euros é menos do que um carregamento de um telemóvel. E claro que há uma lista imensa de pessoas que nem os 12,43 euros pagam, por estarem isentas.

E mais adiante:

(...) Faria aliás muito mais sentido que o CDS e o PSD, em vez de proporem a extinção das taxas moderadoras para as cirurgias e de embarcarem na cantilena do totalmente gratuito, com o PCP e o BE, apresentassem propostas mais realistas e ousassem dizer que temos de nos deixar dos artifícios de linguagem que têm mantido intocável uma das mais profundas crenças do nosso legislador : a do gratuito.
Para o legislador português, algures do outro lado do mundo ou quiçá numa extremidade do arco-íris, existe uma fábrica de dinheiro que envia o dito sob a forma de moedas de ouro para Portugal. Uma vez aqui chegadas, as bolsinhas das moedas são depositadas ao cuidado do legislador, que, assim provido de tais fundos, legisla sempre garantindo o gratuito. De cada vez que promete algo gratuito, o legislador olha-se ao espelho e sente-se uma boa pessoa. Assim temos o ensino gratuito, em que, por sinal, cada aluno custa em média 5 mil euros por ano, e assistimos presentemente a uma discussão bizantina sobre as taxas moderadoras na saúde. (...)”

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