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terça-feira, janeiro 20, 2009

FINGIDORES

Pode dizer-se que, com muita frequência, um Ministro das Finanças tem de ser um fingidor. Assim, o actual Ministro, pode bem acreditar, lá no seu íntimo, que o desemprego em Portugal, possa vir a atingir os dois dígitos percentuais. Mas, segundo as boas práticas, não o deverá dizer (em público, pelo menos), sob pena de acrescentar mais pessimismo e retracção nos consumidores e nos investidores. Já há que baste. Tem então que fingir, afirmando que a sua previsão para aquele índice , em 2009, é de apenas 8,5 % . E o mesmo se diga quanto ao deficit das contas do Estado . Finge não acreditar que vai chegar talvez acima dos 4,6 % do PIB, e anuncia só a estimativa de 3,9% . São mentiras e fingimentos piedosos. Não se lhe pode levar muito a mal. De resto, assim acontece também com os poetas . Pois não foi isso que lhes chamou Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos ? . Quando escreveu :

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

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