<$BlogRSDUrl$>

domingo, novembro 16, 2008

REFLEXÕES SOBRE O VENTO QUE PASSA (1)

A Ministra da Educação e o Governo terão certamente muita culpa por uma parcela da actual crise do ensino ( quase a transformar-se numa crise política grave?...) , alegadamente resultante da fixação do modelo de avaliação dos professores. Já muito escrevi aqui porque penso assim.
Mas ouvem-se com frequência , por parte de alguns professores e dos seus sindicatos corporativos, certos argumentos sustentadores da crescente suspeita de que o que realmente desejam e exigem é não serem avaliados de todo. Ou pelo menos, não serem “avaliados” por modelo de “avaliação” diferente do anterior, em que todos eram ( são..) classificados como muito bons ou excelentes ( assim género portaria regional do “grande líder” da Madeira), progredindo todos, por mero critério de antiguidade, até ao topo da carreira.
Um desses argumentos é, por exemplo, o subjacente a este ilustrativo extracto de uma reportagem sobre a “manif” ontem realizada por uns milhares de professores, hoje lida no PUBLICO :

“Vítor Gomes, professor numa escola do Fogueteiro, dava o exemplo do “caos” e da “incompetência” do Governo. “ Esta senhora, que é professora de Educação Visual, vai-me avaliar a mim, que sou professor de Educação Física “, concretizava, dirigindo-se a uma colega, ao seu lado. A colega confirmaria a sua inaptidão para a tarefa, ironizando : “ Vou avaliar se ele faz bem a cambalhota” .

Mas porque é que um professor de Educação Visual ( chamava-se antigamente professor de Desenho...) , sénior/titular, eventualmente com uma ou duas dezenas de anos de experiência de ensino e de lidar com crianças, porventura com algum diploma das chamadas “ ciências pedagógicas”, não poderá avaliar o desempenho pedagógico de um professor de Educação Física ( antigamente com uma licenciatura de 5 anos pelo INEF..), com 2 ou 3 anos de experiência no ensino? E o mesmo se poderá dizer de um professor de Matemática, sénior/titular, com 30 anos de carreira, que avalia um jovem professor de História, com meia dúzia de anos de experiência pedagógica .
É que se não puder ser assim, quem iria então avaliar o referido professor de Educação Física do Fogueteiro? Só o Conselho Directivo? Os pais dos alunos? Alguém de fora da sua Escola, desconhecedor do seu contexto socio-cultural, que não observa diáriamente o desempenho pedagógico do professor avaliado, nem a forma como ele mantem a disciplina, nem a forma como interage com os seus alunos, e sem poder aperceber-se, pela vivência do quotidiano escolar, do apreço ou desapreço que estes têm por ele?
É assim que querem e é assim a proposta dos sindicatos? E é assim que propõe a líder do PSD quando fala em avaliação externa? É assim que propõe o deputado Manuel Alegre ? E é assim a proposta de uns tantos comentadores da “inteligentzia “ indígena? Se não é assim, como é?....

This page is powered by Blogger. Isn't yours?