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domingo, novembro 23, 2008

REFLEXÕES SOBRE O VENTO QUE CONTINUA A PASSAR...

Afastado por uns dias do conhecimento detalhado da agenda política nacional, venho encontrá-la, passada uma semana, quase na mesma, preenchida pela estafada e já entediante questão da avaliação dos professores.

[Todavia, não exactamente na mesma. Temos agora o caso do BPN e da prisão do banqueiro que foi o seu homem forte, ao qual voltarei. Cheira-me que estará ali o embrião, já não de uma crise política, mas talvez de uma autêntica crise de regime. Assim não seja, e que não se confirme este meu pessimista pressentimento, para que, ao juntar-se tal eventual crise de regime às já sofridas crises financeira, económica, social, do ensino e de valores, não nos tenhamos de confrontar em breve com uma verdadeira e gravíssima crise nacional ]

Hoje surgiram novidades. Os sindicatos comandados por Mário Nogueira, grande especialista em “agit-prop” do PCP , anunciaram ir apresentar uma proposta concreta de um modelo de avaliação. Estamos para ver. Dizem que será um modelo simples, não burocrática, “excluindo qualquer solução administrativa, como por exemplo, atribuir Bom a todos os professores”, focada na vertente científico-pedagógica. Acrescentam um esclarecimento : será para “aplicar aos professores em vias de progredir na carreira” . Alguém que conheça o que a “casa” gasta, e estiver de boa fé, fica logo de pé atrás com a semântica daquele esclarecimento.

Uma grande parte da opinião pública já percebeu que, para os sindicatos e para os professores mais acintosamente contestatários, o que está na realidade em causa não será o modelo de avaliação em si, a sua natureza burocrática, académica, administrativista, roçando por vezes o completo irrealismo, construido por quem não parece ter a vivência real da vida escolar.
O que está na realidade em causa, para essa grande parte da opinião pública, é fundamentalmente saber, sem equívocos, se os sindicatos e a maioria dos professores :

1 – Aceitam ou recusam que no seio da escola deva haver algum escalonamento hierárquico, por exemplo traduzido na existência de professores titulares e professores não titulares .
2 – Reclamam ou não um regime de carreira em que todos, os maus, os assim-assim, os bons e os muito bons, chegam todos ao topo da carreira, ou seja a ganhar todo o “carcanhol” correspondente ao respectivo nível remuneratório, assim como se a corporação dos professores fosse uma corporação como seria a corporação militar se todos chegassem a generais, ou a corporação judicial, se todos chegassem a juizes conselheiros.
3 – Aceitam ou recusam que o sistema de avaliação, qualquer que ele seja, possa ser utilizado para distinguir os maus ( que serão muitos, a julgar pelas imagens das demonstrações vistas nas televisões) dos bons, e estes dos muito bons, condicionando-se assim o acesso aos níveis de topo, obviamente escassos e finitos.
4 – Aceitam ou recusam trocar um regime de progressão na carreira ( e na remuneração, claro...) certo, certinho, seguro, por um regime de progressão incerto, dependente do mérito e do desempenho revelados por cada professor .

São respostas inequívocas a estes quesitos que são de aguardar e de exigir, para maior clareza das pretensões dos sindicatos e dos professores.

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