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quarta-feira, novembro 05, 2008

THE DAY AFTER

Fiquei desperto até às 5 da manhã, seguindo em directo o apuramento dos resultados das eleições no EUA . Foram, ao longo de todo o processo que durou quase um ano, um grande espectáculo mediático e uma verdadeira lição de democracia dada ao mundo. Até na forma que revestiu o discurso de John McCain ( um bravo americano e um grande senhor da política...), ao reconhecer a derrota, e apelar à união de todos os americanos em redor do seu novo Presidente.
Perante essa grande lição, e antes de dormir, deu-me ainda vontade de ouvir o 4º andamento da 9ª Sinfonia “ Do Novo Mundo”, de Antonin Dvorak. Coloquei o CD, e passados alguns compassos do quarto andamento, acabei por adormecer.
Ganhou Barack Obama. Ainda bem. Tem um discurso simples, directo e mobilizador. O que é coisa de muito grande valia, nos tempos que correm. “ O caminho vai ser íngreme”, disse no discurso de vitória.
Diz-se que era o candidato negro. Grande tolice. Era tanto negro como branco ; por acaso a Mãe era branca, assim como eram brancos os avós com quem viveu e cresceu. Para o caso, nada disso importa porém. Como não importou, a crédito da grande maturidade do eleitorado americano.
Os americanos escolheram bem ; escolheram a melhor solução. Para eles, americanos, e para o resto do mundo. A solução menos má, para os mais cépticos. Para muitos, pelo menos foi colocada de lado o hipotético pesadelo dos EUA poder vir a ser governado ( e o mundo condicionado...) por uma senhora tonta como Sara Pallin.
Acho todavia muito preocupante a escala a que se elevaram os cânticos e os hossanas saudando a sua eleição, por vezes de forma verdadeiramente ditirâmbica, por parte de muitos milhões de pessoas por esse mundo fora. Assim como nos EUA, e aqui em Portugal também.
Essa escala, e a forma por vezes algo infantil que revestiram as manifestações de alegria que vi reproduzidas pelas imagens das televisões, revelam uma ingenuidade e uma inexperiência política verdadeiramente assustadoras. Parecem revelar a fé singela de que, pelo toque de magia que teria sido a eleição de Barack Obama, todos os males do mundo irão acabar. Irá acabar a crise financeira, a estagnação económica, os conflitos e as guerras regionais, o perigo e o terrorismo dos integristas islâmicos, a fome, o populismo sul americano, a escassez de petróleo, as consequências do efeito estufa, as alterações climáticas, a ditadura castrista em Cuba, e por aí fora.
Mas não foi só a gente da rua que assim vi e ouvi manifestar-se. Vi, ouvi e li muitos depoimentos de gente da inteligentzia nacional e europeia alinhar infantilmente nesta euforia. Não há nada pior do que os efeitos de um processo de radical desilusão, por frustração das expectativas. Por isso, fico preocupado.
Falaremos daqui a um ano . Entretanto, e para registo de memória futura, fiz uns tantos recortes da imprensa em que se reproduzem declarações daquela exagerada e infantil euforia. Para ler e recordar mais tarde.

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