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sábado, setembro 06, 2008

DE BESTIAL A BESTA

Sobre o processo “kafkiano “ de Paulo Pedroso, lia-se no editorial da revista SÁBADO desta semana :

“A Justiça portuguesa demora a investigar, demora a acusar, demora a decidir, demora a recorrer, demora a condenar e, quando é caso disso, demora a corrigir os erros. Pelo meio de tanta demora, para juntar a agressão ao insulto, vai espalhando pelos jornais aquilo que considera serem provas absolutas, testemunhos irrefutáveis e escutas comprometedoras. Depois de muitos dias, muitos meses e muitos anos, sobram, aparentemente 100 mil euros. Ou seja, quase nada. “

Ao juiz Rui Teixeira parece estar-lhe a suceder algo de semelhante àquilo que ocorre com frequência a um treinador de futebol : passar rapidamente de bestial a besta. Há 4 anos, era incensado pelos meios de comunicação social, em particular pelas televisões. Faziam-lhe entrevistas, filmavam-no na rua, vasculhavam a sua vida pessoal, louvavam-lhe a coragem e a independência. A coisa aparentemente agradava ao juiz. Lá ia deitando uma ou outra dica, simulando uma timidez estudada, aparentando nada dizer, mas dizendo, e fazendo uma gestão da sua imagem através da sua exposição, dos seus silêncios e das suas meias palavras. Poderia facilmente interpelar um jornalista na rua e proibi-lo de o filmar. Nunca o fez. Parecia antes desejar construir a sua reputação de zorro justiceiro portuga, ao jeito do juiz Falcone, abatido pela mafia italiana, ou do juiz espanhol Garzon, ameaçado pela ETA terrorista.
Chega-se afinal à conclusão de que, “ em juizo temerário”, cometeu um “erro grosseiro”. E agora temos aí a comunicação social a zurzi-lo.
Com esta nódoa negra no seu currículo profissional, é bem capaz de não conseguir chegar a digníssimo Conselheiro do Supremo. Mas no estado comatoso em que está a Justiça portuguesa, lá que poderá ainda chegar a juiz desembargador, lá isso pode.

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