domingo, dezembro 02, 2007
A TENDA, O CIRCO , O PALHAÇO E O ESTADO PORTUGUÊS DE CÓCORAS
Quando, aqui há uns dias, lia a notícia, pensava que era brincadeira. Regressado ao jardim à beira mar plantado, corro a comprar o EXPRESSO de ontem para saber as últimas. E afinal a notícia de há dias não era brincadeira, não senhor.
Kadafi quer vir fazer circo a Lisboa, à chamada cimeira de blá-blá-blá de Lisboa. E por isso exigiu um amplo espaço para montar uma tenda, numa terra onde, que eu saiba, está proibido o campismo selvagem . Poderiam tê-lo mandado montar tenda no areal da praia da Figueira da Foz. Dava nome e prestígio à terra, certamente. Mas não, preferiram permitir que armasse a sua tenda das mil e uma noites num espaço com dignidade de Estado.
Ora o Estado português escusava bem de se colocar de cócoras perante o ditador Kadafi, uma espécie de palhaço no grande circo das inúmeras ditaduras e cleptocracias africanas.
Kadafi queria vir à cimeira?. Muito bem, podia vir. Mas aqui em Portugal não é permitido a um cidadão armar uma tenda onde quer que lhe apeteça, e as pessoas em geral, bem como os governantes, nacionais ou estrangeiros, em particular, alojam-se dentro de quatro paredes, em casas, pensões, residencias ou hoteis. São assim os nossos hábitos e as nossas leis, é assim o nosso modelo de vida, e na nossa terra mandamos nós, tivesse Kadafi paciência.
Noutras terras, noutras paragens, as mulheres visitantes são obrigadas a cobrir o cabelo e a não mostrar nem um centímetro das suas pernas. E outro remédio não têm senão cumprir essas estúpidas regras.
Se não pudesse ficar numa tenda armada, o ditador Kadafi não viria? Paciência, uma vez mais.
Não vinha, mas o Estado português não se colocava de cócoras perante o ditador e o palhaço.