segunda-feira, dezembro 24, 2007
A SIMBOLOGIA DO NATAL
O melhor símbolo do Natal é o tradicional e o muito português presépio, que encerra uma mensagem de verdadeiro humanismo. E não o grotesco Pai Natal, associado ao mais desenfreado consumismo e ao hedonismo infantil.
Sublinho que não é uma questão de religião ou de fé. É uma questão de identidade cultural.
O QuintoPoder deseja a todos os seus leitores um Feliz Natal, não o do homem das barbas com um grande saco contendo muitas prendas para as criancinhas mimadas e ansiosas, mas o da mensagem do presépio , enquanto representação cénica do dia a partir do qual passou a haver, pelo menos no nosso modelo cultural e civilizacional, o antes e o depois.
Adeste Fideles
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum
Cantet nunc io
Chorus angelorum
Cantet nunc aula caelestium
Gloria, gloria
In excelsis Deo
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum
Ergo qui natus
Die hodierna
Jesu, tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factus
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum
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Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
(Poema de Miguel Torga)