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segunda-feira, dezembro 17, 2007

EFEITOS PERVERSOS DE IDEIAS TOLAS

Numa das suas contundentes ( e nem sempre plenas de razão...) crónicas, Miguel de Sousa Tavares (MST) escrevia há umas semanas no EXPRESSO, sob o título de “As públicas virtudes”, a propósito do “encerramento” do Terreiro do Paço aos domingos. Uma medida dita emblemática, prometida e aplicada por António Costa, actual Presidente da Câmara de Lisboa :

(...)
Faltava-me ver o resultado útil do Terreiro do Paço “devolvido aos lisboetas”.
Domingo passado, resolvi fazer a experiência e o que vi, que atesto por minha fé e que relato, encerra uma lição eloquoente sobre os efeitos práticos da demagogia na política.
Entrei a pé na praça, começando por constatar que havia três polícias municipais de serviço em cada rua de acesso, velando pelo cumprimento do senhor Presidente da Câmara.
Seriam ao todo uns vinte ou trinta, seguramente pagos em horas extraordinárias pelos arruinados cofres da CML.
Na praça, propriamente dita, reparei, ao entrar, num gigantesco palco negro para eventos, tapando a vista do Tejo e deserto de eventos e de gente.
Um ciclista circulava à roda-um ; três raparigas estavam sentadas no chão, junto ao D.José ; um casal jogava pingue-pongue ( ó genial ideia!) numa mesa colocada nas arcadas; quatro turistas olhavam à volta, com ar perdido; e, ao fundo, consegui distinguir duas crianças pelas mãos dos respectivos progenitores.
E, depois, polícias e mais polícias : havia mais polícias a travar o trânsito automóvel do que transeuntes na praça. Nunca tinha visto o Terreiro do Paço tão deserto (...)



Posso dar também o meu testemunho. Foi há três ou quatro semanas, antes do início da época “natalesca”, que observei o cenário pintado por MST relata na sua crónica. Exactamente o mesmo.
As viaturas que vinham do Cais do Sodré através da 24 de Julho e se queriam dirigir para Santa Apolónia, por exemplo, eram obrigadas a fazer uma complicada gincana, virando da rua do Arsenal para a Praça do Município, enfiando pela rua do Comércio ( ou de S.Julião, não me recordo bem), cruzando todo o reticulado das ruas da baixa pombalina, atravessando diversos semáforos, desembocando na rua da Madalena e apanhando a seguir a rua dos Bacalhoeiros, saindo finalmente para junto do zona da Casa dos Bicos, e retomando por fim a avenida paralela à doca do Jardim do Tabaco.
Em cada um dos muitos desvios, forçados por gradeamentos metálicos ali colocados de propósito, conversavam amenamente três polícias, junto de outras tantas motocicletas. Fui contando o número de polícias que ia encontrando. Cheguei a um número de 25 a 30 polícias. Depois cansei-me e desisti.
O Terreiro do Paço apresentava o aspecto habitual de um domingo. Aqui e ali uns passeantes deambulando ou repousando junto da estátua, e uma meia de turistas que tiravam fotografias.
Creio que pelo meio haveria uns tantos “animadores de rua”, talvez contratados e pagos pela Câmara de Lisboa, e que, bem contados, deveriam ser em maior número que os assistentes.

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