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sábado, novembro 03, 2007

OS BENEFÍCIOS DAS ESTATÍSTICAS - 1

Mark Twain dizia que há 3 tipos de mentiras : as pequenas mentiras, as grandes mentiras, e as estatísticas.
Descontado o humor do dito, ainda assim, as estatísticas são de reconhecida e enorme utilidade para , de uma complexa população de dados, poderem ser retiradas lições e ilacções quanto às dispersões, variações e evoluções ocorridas no universo analisado.
A interpretação dos valores estatísticos tem de ser obviamente feita com sabedoria, prudência e consciência do que é que realmente valem os números.

A Ministra da Educação tem dito que, relativamente aos rankings das escolas secundárias, privadas e públicas, não se pode comparar o incomparável. De certo modo terá alguma razão. Creio que a perde quando vai ao ponto de desvalorizar por completo os benefícios da sua preparação e divulgação.

Em Portugal, ao contrário do que é comum nos países de cultura anglo-saxónica, não tem havido e não há ainda o culto de calcular e analisar números estatísticos, indicadores, rácios, ou rankings. Como que há uma relutância atávica às comparações, numéricamente fundamentadas, com os outros e até consigo mesmo, em tempos diferentes. Parece dar-se preferência ao subjectivismo, não numéricamente expresso, ao palpite, ao sentimento,e ao “parece que” e ao “afigura-se que...” . Daí a considerar-se, com infantil preconceito, a competição entre os indíviduos e as organizações como coisa feia e própria do regime capitalista ( agora dir-se-à do “neo-liberal”) , vai um pequeno passo.
Terá sido porventura por isso que custou tanto para que finalmente os dados estatísticos das escolas secundárias , e os seus rankings, fossem facultados ao conhecimento da opinião pública.

A meu ver, não interessa usar aqueles dados e rankings para tentar extrair a conclusão de que os desempenhos das escolas privadas de Lisboa e do Porto são melhores que os das escolas públicas. As razões são mais que evidentes, e nem vale a pena perder muito tempo a especular e argumentar sobre a matéria.

Mas os dados divulgados neste fim de semana, pelo PUBLICO e pelo EXPRESSO permitem muitas outras comparações para as quais importaria obter razões explicativas, visando sobretudo melhorar a qualidade do ensino público, através da identificação das boas práticas e das boas escolas públicas, e da monitorização da melhoria em que as escolas se empenhem.
Assim, e a título de mero exemplo, eram suscitadas, no PUBLICO de 6ª feira que publicava os seus rankings, questões pertinentes como estas :

“...Porque razão a Infanta D.Maria, em Coimbra, consegue sistematicamente uma posição de destaque, e a escola também pública situada a poucos metros de distância, a Avelar Brotero, fica bastante aquém?
Porque razão há oscilações significativas de médias numa escola de um ano para o outro?
E porque é que há estabelecimentos com bons desempenhos nas provas do 9º e maus no secundário, e vice-versa? “.

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