terça-feira, agosto 07, 2007
FLASHES DA ASSEMBLEIA GERAL
1.
Deprimento, é o melhor adjectivo que me ocorre para classificar a primeira parte da Assembleia Geral do BCP que ontem se realizou no Porto, e cujo prosseguimento foi adiado para o próximo dia 27 de Agosto.
2.
Não foi só o sistema informático que terá falhado na Assembleia Geral . As condições logísticas propriamente ditas eram também francamente insatisfatórias.
Estavam presentes para cima de 600 accionstas, todavia correspondentes a somente 63,2 % do universo accionista. Muitos pequenos accionistas não terão comparecido por estarmos em Agosto e se encontrarem de férias.
Os assentos que preenchiam a sala estavam quase todos ocupados. A sala estava praticamente cheia de cadeiras até ao fundo. Não imagino como poderá vir a estar, se no recomeço da Assembleia , em 27 de Agosto, comparecer um número ainda maior de pequenos accionistas.
As condições de ventilação eram deficientes, o que, nos longos tempos de espera por suspensão da Assembleia, obrigava muita gente a abanar-se com umas folhas de papel.
A entrada e saída de accionistas eram muito condicionadas pelo sistema de emissão de boletins de voto, com códigos de barras identificando o nome do accionista e o número de votos a que tinha direito.
Quando alguém precisava de sair da sala, entregava o seu boletim de voto, que era ali mesmo destruido.
Querendo reentrar, uns dois ou três terminais da rede informática, localizados junto da única porta de entrada, tinham de emitir novo boletim de voto, operação que demorava entre 1 a 2 minutos por accionista.
Agora imagine-se o que acontecia quando, ao fim de 3 horas de Assembleia recheada de chicana jurídica entre advogados, o pessoal tinha mesmo necessidade de ir lá fora para fazer xixi...
3.
Reconheço que não deve ser fácil colocar de pé um sistema logístico-informático totalmente fiável para uma Assembleia de accionistas de 600 a 700 pessoas, com variáveis capacidades de voto, e com os complicados sistemas de blindagem de que os estatutos do BCP está recheado, e em que qualquer requerimento à mesa, como ontem aconteceu, tenha de ser colocado à votação. Sucedeu numa simples votação de um requerimento à Mesa feito por um accionista , para que se passasse imediatamente à ordem de trabalhos. Foi quanto bastou para aparentemente se ter concluido que o sistema não era seguro . O que levou a uma suspensão que durou para cima de uma hora, e ao posterior adiamento da assembleia.
4.
Para as votações, umas gentis meninas assistentes, vestidas da cor de cereja do Millennium, iam de fila em fila, lendo os códigos de barras que cada votante lhe apresentava, apontando uma pistola de laser. À minha beira, uma assistente ia perdendo a paciência, pois não conseguia, após várias tentativas, que a pistola fizesse a leitura. Por fim lá conseguiu, depois de mais de 30 segundos.
5.
A Assembleia Geral foi pessimamente dirigida pelo seu presidente, Germano Marques da Silva.
Dizem ser um prestigiado mestre de direito ( eu sempre desconfio do “prestígio” dos mestres de direito indígenas...). Pode ser que seja. Até poderá ser muito bom e ser muito decorativo a mandar numa Assembleia Geral de sociedades , daquelas muito pacíficas e sonolentas, com muitos salamaleques para um lado e para outro.
1.
Deprimento, é o melhor adjectivo que me ocorre para classificar a primeira parte da Assembleia Geral do BCP que ontem se realizou no Porto, e cujo prosseguimento foi adiado para o próximo dia 27 de Agosto.
2.
Não foi só o sistema informático que terá falhado na Assembleia Geral . As condições logísticas propriamente ditas eram também francamente insatisfatórias.
Estavam presentes para cima de 600 accionstas, todavia correspondentes a somente 63,2 % do universo accionista. Muitos pequenos accionistas não terão comparecido por estarmos em Agosto e se encontrarem de férias.
Os assentos que preenchiam a sala estavam quase todos ocupados. A sala estava praticamente cheia de cadeiras até ao fundo. Não imagino como poderá vir a estar, se no recomeço da Assembleia , em 27 de Agosto, comparecer um número ainda maior de pequenos accionistas.
As condições de ventilação eram deficientes, o que, nos longos tempos de espera por suspensão da Assembleia, obrigava muita gente a abanar-se com umas folhas de papel.
A entrada e saída de accionistas eram muito condicionadas pelo sistema de emissão de boletins de voto, com códigos de barras identificando o nome do accionista e o número de votos a que tinha direito.
Quando alguém precisava de sair da sala, entregava o seu boletim de voto, que era ali mesmo destruido.
Querendo reentrar, uns dois ou três terminais da rede informática, localizados junto da única porta de entrada, tinham de emitir novo boletim de voto, operação que demorava entre 1 a 2 minutos por accionista.
Agora imagine-se o que acontecia quando, ao fim de 3 horas de Assembleia recheada de chicana jurídica entre advogados, o pessoal tinha mesmo necessidade de ir lá fora para fazer xixi...
3.
Reconheço que não deve ser fácil colocar de pé um sistema logístico-informático totalmente fiável para uma Assembleia de accionistas de 600 a 700 pessoas, com variáveis capacidades de voto, e com os complicados sistemas de blindagem de que os estatutos do BCP está recheado, e em que qualquer requerimento à mesa, como ontem aconteceu, tenha de ser colocado à votação. Sucedeu numa simples votação de um requerimento à Mesa feito por um accionista , para que se passasse imediatamente à ordem de trabalhos. Foi quanto bastou para aparentemente se ter concluido que o sistema não era seguro . O que levou a uma suspensão que durou para cima de uma hora, e ao posterior adiamento da assembleia.
4.
Para as votações, umas gentis meninas assistentes, vestidas da cor de cereja do Millennium, iam de fila em fila, lendo os códigos de barras que cada votante lhe apresentava, apontando uma pistola de laser. À minha beira, uma assistente ia perdendo a paciência, pois não conseguia, após várias tentativas, que a pistola fizesse a leitura. Por fim lá conseguiu, depois de mais de 30 segundos.
5.
A Assembleia Geral foi pessimamente dirigida pelo seu presidente, Germano Marques da Silva.
Dizem ser um prestigiado mestre de direito ( eu sempre desconfio do “prestígio” dos mestres de direito indígenas...). Pode ser que seja. Até poderá ser muito bom e ser muito decorativo a mandar numa Assembleia Geral de sociedades , daquelas muito pacíficas e sonolentas, com muitos salamaleques para um lado e para outro.
Naquela Assembleia concreta, conflituosa e por vezes com uma atmosfera de cortar à faca, foi um desastre.
6.
Lá para o fim da Assembleia, quando se sabia já que ela iria ser suspensa, e depois de mais umas cenas de picardias, litigância e chicana jurídica entre os advogados, um accionista, Pinho Cardão pediu a palavra e declarou : “ Pensei que vinha para uma assembleia de accionistas, mas afinal vim para uma assembleia dos advogados dos accionistas” . Soaram aplausos na sala.
Tinha toda a razão. O tempo útil ( de jogo, dir-se-ia em linguagem futebolística...) das quatro horas e meia que durou a Assembleia foi quase totalmente preenchido com incidentes de autêntica chicana jurídica, protagonizados por uns 3 a 4 jovens advogados , com fatos de bom corte, cinzento escuro, e com gravatas coloridas. Sempre bem falantes. Certamente sempre pagos a peso de ouro.
Uma verdadeira praga, esta a dos advogados e escritórios de advogados, muito chico-espertos, mais parecendo os meninos do MRPP nas RGA’s das Universidades, nos gloriosos tempos do PREC, e que se prestam a ser “as vozes dos donos” dos accionistas mais pesados.
Deu sobretudo nas vistas o advogado representante de Joe Berardo
7.
Como sempre vem acontecendo, este distinto “comendatore” fez declarações a um bando de jornalistas, perante o qual parecia gozar de evidente popularidade.
Disse que era uma vergonha o que tinha passado. Concordo que foi.
Todavia, para essa vergonha, muito contribui ele próprio, o “comendatore”, e os seus capangas advogados. Feito o balanço, parece ter conseguido os seus objectivos.
8.
Terminados os trabalhos da suspensa Assembleia, à saída, uma chusma de fotógrafos, operadores de câmara, e jornalistas de microfone desembainhado, parecia um bando de abutres famintos.
À espera de sangue.
6.
Lá para o fim da Assembleia, quando se sabia já que ela iria ser suspensa, e depois de mais umas cenas de picardias, litigância e chicana jurídica entre os advogados, um accionista, Pinho Cardão pediu a palavra e declarou : “ Pensei que vinha para uma assembleia de accionistas, mas afinal vim para uma assembleia dos advogados dos accionistas” . Soaram aplausos na sala.
Tinha toda a razão. O tempo útil ( de jogo, dir-se-ia em linguagem futebolística...) das quatro horas e meia que durou a Assembleia foi quase totalmente preenchido com incidentes de autêntica chicana jurídica, protagonizados por uns 3 a 4 jovens advogados , com fatos de bom corte, cinzento escuro, e com gravatas coloridas. Sempre bem falantes. Certamente sempre pagos a peso de ouro.
Uma verdadeira praga, esta a dos advogados e escritórios de advogados, muito chico-espertos, mais parecendo os meninos do MRPP nas RGA’s das Universidades, nos gloriosos tempos do PREC, e que se prestam a ser “as vozes dos donos” dos accionistas mais pesados.
Deu sobretudo nas vistas o advogado representante de Joe Berardo
7.
Como sempre vem acontecendo, este distinto “comendatore” fez declarações a um bando de jornalistas, perante o qual parecia gozar de evidente popularidade.
Disse que era uma vergonha o que tinha passado. Concordo que foi.
Todavia, para essa vergonha, muito contribui ele próprio, o “comendatore”, e os seus capangas advogados. Feito o balanço, parece ter conseguido os seus objectivos.
8.
Terminados os trabalhos da suspensa Assembleia, à saída, uma chusma de fotógrafos, operadores de câmara, e jornalistas de microfone desembainhado, parecia um bando de abutres famintos.
À espera de sangue.