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domingo, junho 24, 2007

TENTAÇÕES, TIQUES E CRISPAÇÃO SOCIAL

Há aspectos, tentações e tiques comportamentais que o Primeiro-Ministro e o Governo deverão rever e corrigir, a bem da estabilidade social e política, e se desejam a renovação da confiança política que obtiveram nas eleições legislativas de 2005.

Talvez se perceba melhor a que me refiro depois de uma leitura da excelente e lucidíssima crónica de António Barreto da edição de hoje do PUBLICO.
Transcrevo dela umas 4 passagens, das mais relevantes :

“(...)
Quando o Governo de Sócrates iniciou as suas funções, percebeu-se imediatamente que a afirmação da autoridade era uma preocupação prioritária. Depois de anos de hesitação, de adiamentos e de muita demagogia, o novo primeiro-ministro parecia disposto a mudar os hábitos locais. Devo dizer que a intenção não era desagradável. Merecia consideração. A democracia portuguesa necessita de autoridade, sem a qual está condenada.
Lentamente, o esforço foi ganhando contornos. Mas, gradualmente também, foi-se percebendo que essa afirmação de autoridade recorria a métodos que muito deixavam a desejar. Sócrates irrita-se facilmente, não gosta de ser contrariado. Ninguém gosta, pois claro, mas há quem não se importe e ache mesmo que seja inevitável. O primeiro-ministro importa-se e pensa que tal pode ser evitado. Quanto mais não seja, colocando em situação de fragilidade, de receio ou de ameaça.

(…) “ É verdade que o clima se agravou com o tempo. Nem tudo estava assim há dois anos. A aura de determinação cobria as deficiências de temperamento e as intenções de carácter. Mas dois conjuntos de factos precipitaram tudo. O caso dos diplomas e da Universidade Independente, a exibir uma extraordinária falta de maturidade. E o novo aeroporto de Lisboa, cujo atamancado processo de decisão e de informação deixou perplexo meio país. A posição angélica e imperial do primeiro-ministro determinado e firme abriu brechas.Seguiu-se o desassossego, para o qual temos agora uma moratória, não precisamente a concedida aos estudos do aeroporto, mas a indispensável ao exercício da presidência da União Europeia.

(…)De qualquer modo, nada, nem sequer este plano de tutela dos direitos e da informação, justifica que quase todos os jornais, de referência ou não, dêem a notícia de que “o professor de Sócrates” foi pronunciado ou arguido ou acusado de corrupção ou do quer que seja. Em título, em manchete, ou em primeira página, foi esta a regra seguida pela maior parte da imprensa !Quando as redacções dos jornais não resistem à demagogia velhaca e sensacionalista, quase dão razão a quem pretende colocá-las sob tutela…

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