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segunda-feira, abril 09, 2007

UM CANUDO MARTELADO?...
Passadas as festas e as férias da Páscoa, tenho e tem muita gente a sensação de que, no plano político, a semana que hoje começa vai ser de alta tensão. Acompanhada, pela minha parte, com preocupação e bastante ansiedade .
Aparentemente por uma ridícula e insignificante questão : a de saber como foi de facto obtido o diploma de licenciatura do actual Primeiro-Ministro.
Mas, ridícula e insignificante, só aparentemente. Há pequenas coisas e pequenos pecadilhos da via pessoal que, transportadas para a vida dos dirigentes políticos, ganham outra dimensão bem distinta. São essas as regras e a prática nas democracias mais maduras.
Que a credibilidade da Universidade Independente é nula, e que , no plano profissional, a chamada licenciatura de José Sócrates em Engenharia Civil vale muito pouco, parece que toda a gente já percebeu.
A questão política essencial resume-se agora básicamente ao seguinte : o diploma de licenciatura concedido pela Universidade Independente, foi ou não “martelado, com recurso a expedientes ilegítimos ?
E, se acaso o tiver sido, tal foi unicamente da responsabilidade e iniciativa da dita universidade ? Ou José Sócrates, ao tempo membro do governo de António Guterres, teve também nisso alguma responsabilidade ? E se teve, foi por acção ou por omissão?
As dúvidas e perplexidades compartilhadas por uma parte importante da opinião pública (condicionada, obviamente pela opinião publicada, mas sobre isso nada há a fazer, são as regras do jogo) têm indesmentível consistência, face às diversas zonas de sombra que rodeiam o processo de licenciatura.
Muitas interrogações pertinentes estiveram muito tempo e estão sem resposta.Se estas vão ser esclarecidas de forma convincente pelo Primeiro-Ministro, é o que vamos ver.
Eu desejo, sincera e ansiosamente, que tal suceda. Muita gente, nomeadamente afecta às oposições ao actual governo, partidárias e corporativas, estão de faca afiada à espera desta oportunidade, desejando que o não sejam.
O pior que poderia / poderá acontecer agora a Portugal e aos portugueses é que o Primeiro-Ministro passe a estar gravemente fragilizado na sua autoridade moral . A qual é indispensável para poder prosseguir o esforço, que apesar de tudo tem levado a cabo, de reforma e modernização da vida política, económica e social portuguesa. Muitas decisões políticas dificeis e impopulares será ainda necessário tomar antes de irmos novamente a eleições.
A meu ver, a pior estratégia que José Sócrates poderá adoptar, não esclarecendo as dúvidas suscitadas, será a de, num registo de crispação, puxar pela explicação da cabala, ou pela teoria da conspiração de que estaria a ser vítima. Ou ainda pelo argumento de que o insistente tratamento dado pelos media a este caso seria “jornalismo de sarjeta”, em má hora tolamente usado pelo ministro Santos Silva.
Post Scriptum
No post que escrevi já sobre o assunto, no passado dia 22 de Março, referia-me à completa irrelevância do Primeiro-Ministro ser ou não engenheiro, reconhecido pela respectiva Ordem.O caso tomou depois disso novos e pertinentes desenvolvimentos. Como é evidente, hoje a questão é outra, qualitativamente muito diferente daquela.

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