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domingo, abril 15, 2007

A CRISE NACIONAL DO ENGENHEIRO (2)
UMA CONCLUSÃO E UM PONTO FINAL

Sobre a confusa e lamentável história da licenciatura de José Sócrates pela Universidade Independente, e não surgindo (como desejo ardentemente que não surjam...) novos e graves elementos a juntar a todas as suas peripécias já noticiadas e amplamente comentadas, quase tudo parece estar já dito.
Só para os crentes de cega fé em José Sócrates restarão dúvidas. Os indícios que se foram acumulando, as estranhas datas, as suas trocas, algumas justificações esfarrapadas, as esquisitas personagens, as várias cadeiras dadas pelo mesmo professor num ano em que o "aplicado" estudante era um membro do governo absorvido pelas suas tarefas de Estado, o reitor que afinal não o era, tudo aponta para que a “licenciatura” do membro de governo de há onze anos, José Sócrates, terá mesmo sido “tirada à balda” .

Não sendo, de facto, culpa do então estudante a ocorrência das várias trapalhonas documentações agora detectadas, está visto que a Universidade Independente funcionava, já em 1995-1996 , num regime de verdadeira “rebalbaria” e de facilitismo. Não era de modo nenhum a nóvel universidade de muito prestígio, muito próxima do ISEL! (sic...) a que o Primeiro-Ministro se referiu na sua entrevista.
Pressentindo a existência de tal contexto de facilitismo e a próxima vitória do PS nas eleições legislativas de Outubro de 1995, talvez incentivado por um “camarada” de partido que na altura fora para professor da Universidade Independente, o estudante e ainda deputado José Sócrates, que tinha legítimas ambições de ir longe na vida política ( por ele abraçada desdes os tempos das Jotas...), e achando que o título de engenheiro lhe era indispensável para o efeito, decide-se a aproveitar essa onda de facilitismo.

Onze anos depois, a leviandada desse aproveitamento sai-lhe cara . Atinge a imagem de rigor e de credibilidade que entretanto construira, em carreira política bem sucedida.
No plano político, tal ricochete tem obviamente consequências políticas, pelo menos na maneira como muitos portugueses, que contribuiram para a sua eleição, passam a olhar para o Primeiro-Ministro . Incluo-me no elevado número desses portugueses.

Chegados onde chegamos, que fazer e que se espera agora?
O Primeiro-Ministro vai ser forçado a expiar o seu “pecado” de há 11 anos. Terá de ir aguentando, com a serenidade possível, a onda que aí vem de piadas, caricaturas, desenhos, anedotas, graçolas, que durante duas ou três semanas se dirão e se publicarão sobre ele e sobre a sua “licenciatura” nas ruas, nos transportes públicos, nos cafés, na imprensa, na blogoesfera, e por aí além.
Depois de ter feito algum desgaste, a onda amortecerá.
Entretanto, tem de continuar a governar, é esse o seu fado. Muito, pouco ou nada fragilizado, é o que se verá. Tem promessas, prazos e compromiisos a cumprir.

A política do mundo real requer em geral pragmatismo, a que alguns chamarão cinismo ou oportunismo.
Nesse plano, a escolha política é quase sempre a do mal menor, como já tenho escrito.
Temos os governantes que temos e os dirigentes partidários que temos. Não são óptimos, são os menos maus.
Em minha opinião, de entre eles, de momento, não teremos na ribalta política melhor alternativa que a do actual Primeiro-Ministro. Nem dentro do Partido Socialista, nem dentro do partido que com aquele costuma fazer alternância do poder democrático.

Por todo o trabalho político realizado, mas também, de alguma maneira (ver-se-à depois a escala), pelo seu “pecado” de há 11 anos, será julgado nas urnas, dentro de dois anos.

Isto dito, creio ser altura para acompanhar o que Paulo Baldaia escrevia ontem no Jornal de Notícias : “ O Governo parece estar a governar menos, a oposição a fiscalizar nada e os jornalistas a questionar sobre muito pouco. Portugal merece mais ! “.
Acrescento : não é apenas uma questão de merecer, é acima de tudo uma questão de Portugal necessitar. Muito, e urgentemente!

Também por isso, subscrevo agora o apelo de Nicolau Santos no EXPRESSO de ontem :
Por favor, podemos voltar a preocupar-nos com o país?”....


Post Scriptum
Falando de ricochetes e efeitos colaterais, acho pertinente e concordo com o que se escreve no Editorial do PUBLICO de hoje :

(...) a prazo, é muito provável que o dossier da licenciatura de Sócrates cause mais danos a [Marques] Mendes que ao próprio Primeiro-Ministro – a não ser que novas revelações provem que o líder do PSD teve razão antes do tempo.
Sem visão ou energia para lhe ganhar um debate parlamentar ou sequer para propor uma agenda política consistente e alternativa, o líder do PSD acabou por se estatelar no momento mais dificil do percurso do seu adversário
. (...) "

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