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segunda-feira, outubro 30, 2006

CLIQUES...

Tinha pensado escrever duas tretas para comentar e dar alguma opinião sobre as decisões ( algumas acompanhadas por lamentáveis trapalhadas) que nos passados dias têm desgastado a imagem do Governo e, por arrastamento, do Primeiro-Minstro.
Até que dei, no semanário SOL do passado sábado, com uma pequena crónica de Miguel Coutinho, cujo conteúdo correspondia, com bastante fidelidade, ao que me teria apetecido escrever sobre o assunto.
Aqui fica um excerto dessa crónica.

O clique
Há quem tenha descoberto agora que os ministros de José Sócrates não são, afinal, teleguiados por uma força superior e infalível. Eles existem e neles tambem existe a tendência para o disparate.
É verdade que a conjuntura económica e o momento político, com a sempre difícil justificação de um Orçamento, terão concorrido, nas últimas semanas, para episódios menos felizes em pastas diversas.
Mas as falhas e as incoerências de alguns ministros, além de naturais, não são uma novidade. Manuel Pinho, Isabel Pires de Lima,Mário Lino ou Correia de Campos, não cometeram o primeiro erro da sua vida de ministros. Nem certamente o último.

O que é verdadeiramente novidade é que, pela primeira vez em quase dois anos, a voz de José Sócrates não se sobrepôs à dos seus ministros, nem a sua determinação apagou as falhas e incongruências dos que estão ao seu lado.
Este facto significa que alguma coisa mudou na forma como a opinião pública percepciona a acção do Governo.
Todos reconhecerão a Sócrates uma obstinação – muitas vezes sanguínea – que tanta falta fez a António Guterres e a Durão Barroso.
Mas a forma como quebrou promessas eleitorais não é indiferente. Este não será um clique definitivo ou irreversível, mas revela que o primeiro-ministro já não navega num estado de graça triunfal.

Apenas acrescentarei : mas o papel de um primeiro – ministro e de um governo não é navegar sempre em estado de graça triunfal . Tal nunca seria ou será possível, para fazer obra verdadeira e as reformas que são indispensáveis .
Ai dos países cujos governantes desejem estar sempre em estado de graça.
Nesse domínio se distinguem os simples políticos dos verdadeiros estadistas.

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