segunda-feira, dezembro 12, 2005
MEMÓRIAS SOLTAS (2)
Agora que tenho mais tempo para remexer em arquivos, documentos e papeis antigos, encontrei este pequeno poema de Orlando de Carvalho (1), datado de Dezembro de 1966 ( in "Vértice" de Março de 1969 ).
Achei-o curioso, pois parece um texto premonitório...
Quando este medo for
pequeno minotauro
uma sílaba grega
ou vestígio de vaso,
quando o vento polir
vermelho estatutário
esta pequena dor
como um pequeno orvalho,
quando tudo romper
na profusão dos cravos
e não ficar sequer
nenhum ramo parado
nenhum resto de Abril
anónimo e molhado
há-de doer, doer
esta palavra Maio !
Agora que tenho mais tempo para remexer em arquivos, documentos e papeis antigos, encontrei este pequeno poema de Orlando de Carvalho (1), datado de Dezembro de 1966 ( in "Vértice" de Março de 1969 ).
Achei-o curioso, pois parece um texto premonitório...
Quando este medo for
pequeno minotauro
uma sílaba grega
ou vestígio de vaso,
quando o vento polir
vermelho estatutário
esta pequena dor
como um pequeno orvalho,
quando tudo romper
na profusão dos cravos
e não ficar sequer
nenhum ramo parado
nenhum resto de Abril
anónimo e molhado
há-de doer, doer
esta palavra Maio !
(1)-Professor Catedrático de Direito da Universidade de Coimbra, foi candidato pela lista da Oposição Democrática do distrito de Coimbra nas "eleições" de 26 de Outubro de 1969.