<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, dezembro 09, 2005

MANUEL ALFREDO

Ausente e distante da Figueira da Foz desde há alguns dias, só ontem à tarde , depois de uma brevíssima consulta à blogosfera local, tomei conhecimento da triste nova : falecera o Aguiar de Carvalho.
Desliguei logo ali o terminal alugado, paguei, e fui libertar um pouco da minha angústia dando um passeio à beira mar, no final de uma tarde soalheira e quente.
A notícia não me apanhou de surpresa. Já há bastante tempo que sabia, através de familiares seus, da sua crescente debilidade física.

Fomos amigos, colegas de estudos universitários e de actividade profissional, vizinhos.
Fomos também companheiros na acção política municipal, em especial nos primeiros anos da consolidação da democracia e do novo poder local democrático.
Nos idos desses tempos, era o Manuel Alfredo.

Mais tarde, afastaram-nos diferentes feitios, gostos comportamentais e concepções quanto ao modelo concreto de acção política, que não divergências ideológicas de monta. Mantivemos sempre uma educada cordialidade e consideração mútua, mas ao Manuel Alfredo passei a referir-me mais habitualmente como Aguiar de Carvalho, como quase toda a gente . Entretanto, íamo-nos cruzando no elevador ou à porta das garagens.
Sem que tenha havido entre nós qualquer acrimónia pessoal, mau grado alguns pequenos conflitos intra partidários nos anos oitenta, fui crítico relativamente a muitos aspectos que caracterizaram a sua forma de intervir na política, designadamente na de âmbito autárquico .
Mas reconheço que o seu nome fica indelevelmente registado na história da Figueira da Foz, mais não fosse pela longevidade do período em que foi Presidente da Câmara (15 anos), creio que sem paralelo neste Concelho. O que já não é feito de pouco mérito.

Um melhor balanço global da sua acção deverá ser deixado para outra oportunidade, importando todavia destacar que ele também deva ser feito em termos relativos e comparativos ao que veio depois dele. E neste aspecto, bem vistas as coisas, contextualizadas as condições e considerados os tempos, quer-me parecer que acabará por sair bem colocado .

Depois da sua primeira intervenção às artérias do coração, visitei-o em casa umas 3 ou 4 vezes, tendo reparado, logo na primeira, na lentidão da recuperação e nas dificuldades do pós operatório. Numa delas, telefonei-lhe antes de bater à sua porta . Não lhe reconheci a voz de imediato, e por isso perguntei se quem falava era o Manuel Alfredo. Era. Novamente.

A morte e a sua iminência tem este poder e destas consequências, Manuel Alfredo. Voltei a tratar-te assim. Como nos nossos tempos de estudante.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?