<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, dezembro 13, 2005

ABSTENÇÃO NA VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO

Dei comigo a sorrir ( bem..convenhamos...a rir mesmo) quando li a notícia de que o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Pereira Coelho, se tinha abstido na votação da proposta de Orçamento Municipal para 2006, apresentada à reunião camarária de ontem.
Logo a seguir, afloraram na minha memória histórias antigas. Datam dos meados de 2002, quando eu era Vereador da Câmara Municipal .
É legítimo, oportuno e indispensável relembrá-las e delas dar testemunho.

Depois de, por diversas ocasiões, ter alertado para a imperiosa necessidade de mudar de vida na Câmara Municipal, especialmente em matéria de despesas, resolvi votar, em plena sessão de Câmara, contra a atribuição de dois pequenos subsídios. Foi em 7 de Maio de 2002.
Um, de cem contos ( na moeda antiga) , fora pedido para comprar umas “prendinhas” para os professores do Concelho, que iam realizar um jantar de confraternização. Outro, de 200 contos, era para um concerto rock em Brenha.
Ambos foram aprovados, com o meu voto contra. Todos os restantes vereadores votaram a favor.
Deixei em acta uma declaração de voto, na qual me referi aos “tempos muito difíceis que aí vinham”.

Era um voto meramente simbólico, feito com algum efeito de surpresa, que pretendia encerrar uma mensagem aos restantes membros executivos.
Mas foi como se tivesse caído o Carmo e a Trindade, ou fosse cair o Governo.
Numa das seguintes reuniões dos membros executivos da Câmara, o seu Vice-Presidente decide fazer, num daqueles discursos redondos de que tanto gosta, uma verdadeira catilinária contra a minha posição. Não gostei, nem do registo, nem do contexto. Nem tão pouco do silêncio do Presidente da Câmara .
Este andava então muito ocupado e ansioso com as festas e cerimónias de pompa e circunstância da inauguração do Centro de Artes e Espectáculos, e por isso limitei-me a ouvir com paciência, sem deixar de contra argumentar com ardor .

Passados uns dias, em 28 de Maio de 2002, dei uma entrevista ao Diário As Beiras. Nela reafirmava as posições que anteriormente havia assumido sobre as despesas da Câmara Municipal . Não dizia nada que os meus colegas de Vereação não soubessem já quanto à minha opinião.
O título da entrevista, que não reproduzia exactamente as minhas declarações ( eu nunca usara o termo “poupar”...), era o seguinte:

“Saraiva Santos quer que a Câmara poupe mais” .
E em subtítulo :

“Em declarações ao Diário As Beiras, o vereador responsável pela gestão financeira entende que “ ainda não se está a fazer o suficiente” para poupar “.

Em 3 de Junho, o Presidente da Câmara e os vereadores executivos realizaram nova reunião de trabalho. Não estava presente o Vice-Presidente, e a reunião decorria em ambiente cordial e mais ou menos descontraído, com profícua planificação do trabalho a levar a cabo no futuro a curto e médio prazo . Nada de anormal notei, a não ser uma vontade do Presidente em terminar a reunião o mais rapidamente possível.

Já estava quase tudo tratado, quando se juntou à reunião o Vice-Presidente.
Decorridos poucos minutos, eis que decide começar de novo uma agressiva catilinária, desta vez sobre o teor da minha entrevista.
Num ambiente de crescente crispação, feita de conflitos e divergências acumuladas, era a faísca que faltava.
Ali mesmo resolvi bater com a porta, anunciando que devolvia ao Presidente as competências que ele me havia delegado.
Não o fiz todavia devido à dita catilinária do Vice-Presidente, mas por causa do silêncio do Presidente, pesado como chumbo .

This page is powered by Blogger. Isn't yours?