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sábado, novembro 26, 2005

PEDAGOGIA E AULAS DE SUBSTITUIÇAO

Ainda a propósito das aulas de substituição escreveu ontem Eduardo Prado Coelho mais uma crónica no PUBLICO.
Dela transcrevo a parte final :

Concluo, portanto, que é necessário restabelecer níveis justos de disciplina na escola.
E(…) gostaria de dizer o que já repeti por várias vezes: que muitos dos males da escola vêm da propagação de ideias no ministério desses profissionais de uma ciência inexistente a que dão o nome de pedagogia. Cuidado, senhora ministra!

Acho oportuno cruzar esta posição com este outro texto escrito pelo Professor Carlos Fiolhais , da Universidade de Coimbra, no seu livro Curiosidade apaixonada ( da Gradiva) recentemente editado.

A expressão Filhos de Rousseau deu o título a um livro da socióloga Maria Filomena Mónica sobre a situação calamitosa da educação em Portugal (…). Filhos de Rousseau são os adeptos modernos ( ou melhor, pós-modernos) das ideias do filósofo Jean-Jacques Rousseau (…).
Escreveu Mónica, com clareza:

As crianças eram seres sem pecado original, que a sociedade corrompia através das suas normas.

Rousseau rejeitava as ideias de Locke, para quem as crianças deviam ser gradualmente introduzidas no mundo da racionalidade.
Levada à sua conclusão lógica, a doutrina de Rousseau acaba no totalitarismo. Os homens tinham de ser felizes, mesmo que tivessem de ser forçados.

Já que não se podiam manter selvaticamente bons, entre as florestas primitivas, competia à escola conduzi-los até si mesmos. Ora, quem melhor do que os professores para os encaminhar até à Luz?
Rousseau introduziu a ideia de que a criança era um botão de rosa. Ao professor competiria estrumar a alma infantil.

Foi assim que a Pedagogia substituiu o Saber.
(…)


Rousseau teve, porém, opositores de monta, que também estiveram na origem da Revolução Francesa. Falamos, por exemplo, de Voltaire e Diderot, que acreditavam firmemente no poder da razão humana, na sua expressão através dos livros e na unidade do conhecimento.
(…)
E o que pensava Sanches [Ribeiro Sanches, um pensador português estrangeirado, defensor do Iluminismo] sobre Rousseau?
Pois pura e simplesmente que era doido.
Acusou-o de excesso de especulação e de falta de espírito prático. Sobre o livro Émile escreveu, em 1763, que é um livro impraticável, cheio de paradoxos contrários à construção do estado civil e que sapa todas as leis fundamentais.
Mas, infelizmente, Sanches não estava cá nem fez escola entre nós. Se o tivesse feito não teríamos hoje nas nossas escolas tantos filhos de Rousseau.
Teríamos antes filhos de Sanches , e não estaríamos tão mal.


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