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quarta-feira, setembro 21, 2005

REPÚBLICA SINDICAL

O debate de anteontem no programa Prós e Contras da RTP1, foi muito pedagógico.
Mas foi também muito elucidativo, quanto ao presente estado “emocional” das forças armadas.
Pelos vários intervenientes foi sublinhado ser muito sério o que com elas se está a passar.
O “velho” Prof. Adriano Moreira, na sabedoria e lucidez dos seus 83 anos, referiu-se à falta de autoridade do Estado como responsável por aquilo que designou por deriva sindical, estendida aos corpos que devem ser garantes dessa democrática e legítima autoridade: a deriva sindical nas forças policiais, no corpo de juízes, no corpo de magistrados do Magistério Público e, agora também, nas forças armadas.
“ O País não pode transformar-se numa República sindical”, acrescentou.

E acrescento eu agora. Já temos Associação Nacional de Municípios e Associação Nacional de Freguesias. Qualquer dia teremos uma associação nacional de deputados, e até, quem sabe, uma associação nacional de membros e ex-membros de governo.

Responsáveis pela escala que aquelas derivas sindicais atingiram, são os vários governos dos últimos 20 anos, que sucessiva e paulatinamente vieram, por oportunismo ou mero demissionismo, a acrescentar entropia na organização dos diversos corpos e corporações da função pública.
Consequência disso, é a profusão, a variedade e a confusão das dezenas de regimes remuneratórios, para-remuneratórios, de estatuto, de prestações sociais, actualmente existentes na organização Estado.
A que o actual Governo, e muito bem, anuncia querer colocar alguma ordem e racionalidade.

Cedendo hoje a esta corporação, amanhã a outra, e logo depois de amanhã a estoutra, assim se foi construindo a enorme confusão existente no universo dos 700 a 800 mil trabalhadores que prestam serviço no Estado.
Nem os governos de Cavaco Silva escapam à acusação de terem culpas neste cartório.
Mas o máximo da (i)responsabilidade, deve reconhecer-se, ter-se-á verificado durante os 6 anos dos governos de António Guterres, em que o demissionismo e o “social-porreirismo” atingiram níveis muito altos.

E lembremo-nos de importantes contributos igualmente dados por Mário Soares.
Desde a invocação/exaltação do chamado “ direito à indignação” (de que agora também a tropa quer fazer exercício…) , em pleno clima de efervescência e de desobediência civil, a propósito de um aumento das portagens na ponte 25 de Abril.
Até à audiência inoportuna e reverentemente concedida a uma “comissão de coronéis” que a ele se foi queixar das maldades que o Governo de então lhes havia feito, passando-os à reserva ou à reforma, mandando-os para casa, por haver coronéis a mais nas forças armadas.

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