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domingo, setembro 18, 2005

ANGUSTIA PARA O REGRESSAR

Regressei ao nosso rectângulo, que já foi um canteiro, há um par de dias.
Apesar da hora matinal, o ar ia já quente, coisa de uns 20 ou 21 ºC.
O dia adivinhava-se novamente de canícula, com Setembro já avançado. Pelas duas da tarde, os termómetros marcavam 32 ºC.
Notícias de chuva, soube só que haviam caído uns pinguitos, mais lá para o MInho.
A seca continuava , portanto.
Já na viagem para norte, nas proximidades da Figueira, o termómetro marcava 31º C, enquanto um locutor, numa rádio qualquer, anunciava com imbecil alegria, estar um tempo magnífico, convidando à praia.
Na auto-estrada A1, a viagem corria entre extensas e numerosas manchas de folhagem castanha, e solos de cinzas cinzentas ou negras.
Um pouco antes de Aveiro, uma espessa nuvem de fumo indicava mais um incêndio próximo. Mais adiante, mesmo junto à auto-estrada, ardiam árvores e um grande silvado, em chamas vivas e assustadoras.
Sou ultrapassado por um carro com dois homens, de fatos camuflados, com autêntico ar de grunhos.
São claramente caçadores. O condutor vai a fumar, cotovelo apoiado na janela aberta. Está-se mesmo a ver que umas quantas centenas de metros percorridos, vai lançar a beata à estrada.
O carro puxa um pequeno atrelado para transporte de canídeos. Na parte de trás, por fora, vão exibidos, como trofeus, oito cadáveres de coelhos.
Concluo nem sequer ter havido coragem política para proibir a caça este ano. Deve estar, vai ser uma verdadeira carinificina.

A nascente e a norte da cidade, Viana do Castelo está totalmente rodeada de extensíssimas manchas castanhas, substituindo o que ainda há tempos era uma paisagem de verde refrescante.
Quando se entra na longa ponte sobre o rio Lima, todo o cenário de fundo é de pesadelo.
Também andará algum incêndio mais por perto. Na noite excepcionalmente cálida, exala-se pelo ar da cidade um leve cheiro acre a queimado.

Vou actualizando as informações, lendo alguma imprensa atrasada.
As forças armadas e as forças policiais encontram-se nitidamente em estado pre - insurreccional .
Vejo uma foto de alegados militares, também com ar de grunhos, numa manifestação que era para ser na rua, mas acabou por não ser, tendo tido lugar dentro não sei que sala.
Parecem gritar todos “às armas..às armas...”. Deve ser do hino nacional, é claro.
Alguns deles já estarão porventura na reserva ou na reforma. Mas muitos têm ar de estar ainda no activo.
Numa democracia a sério, que não uma república das bananas, os militares já teriam sido de imediato identificados pelas fotografias, submetidos a um processo disciplinar rápido, e demitidos das forças armadas.
Por aqui vai-se contemporizando, colocando paninhos quentes sobre a situação explosiva.
Isto vai provavelmente acabar mal. Não estivéssemos na União Europeia e acabaria mesmo.

Durante a 1ª República, em 1925, houve uma amotinação da tropa, das muitas que se sucediam.
Os chefes da rebelião foram presos e presentes a tribunal militar.
O acusador público era o general Carmona. Também ele em estado de pre-rebelião contra o poder republicano legítimo, pediu a absolvição dos réus. Lançou-lhes mesmo um grande elogio.
Foram absolvidos. Passado menos de um ano, dava-se o 28 de Maio de 1926.

Entretanto, agora, no final deste verão quente de 2005, o Governo e o Partido Socialista andam entretidos e preocupados a marcar um referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez....

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