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quarta-feira, agosto 31, 2005

A REFLEXÃO E O DESCRÉDITO

Logo à noite, chega ao fim a pantominice da profunda reflexão que Mário Soares diz ter feito sobre o seu desejo, ou propósito (ele chama-lhe disponibilidade) de se candidatar a Presidente da República.
Ainda há 3 ou 4 meses, Mário Soares classificava tal hipótese com “ isso seria um erro brutal”, ou “ o próprio deve ter o bom senso de limitar o seu mandato”, ou ainda o teatral e categórico “ Basta!...”.
Palavras suas, textualmente.

A mentira na vida e na acção política, a contradição entre aquilo que no seu exercício se promete e se diz ir fazer, e aquilo que realmente se faz, a prática contumaz de dar o dito por não dito, como agora acontece com Mário Soares, tudo isto contribui, desgraçadamente, para o descrédito dos actores dessa nobre actividade que deveria ser a Política.
Bem como, a prazo, para o descrédito da República e da Democracia.
É isso mesmo que, no fundo da sua alma, e com a sua sensibilidade de grande poeta, e do seu jeito de homem romântico à moda antiga, preocupa, angustia e desespera Manuel Alegre.

Mário Soares parte assim para a sua campanha de convencer os portugueses a acreditarem nele,com um enorme e desconfortável capital de desconfiança e descrédito.
Por muitas explicações e piruetas verbais que logo vá dar, ao fim da tarde.

Nesta fase má da República e do Estado democrático, por que actualmente estamos a passar, seria mau ter agora como Presidente da República alguém que, logo à partida, fosse detentor desse capital de descrédito.

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