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terça-feira, agosto 30, 2005

PROMISCUIDADES COM PODERES FÁCTICOS

Em linha com a estratégia dominante entre a generalidade da classe política portuguesa, em especial entre os autarcas locais (com honrosas excepções, como Rui Rio), aceitando e procurando viver em perigosa promiscuidade com o mundo do futebol, a Câmara Municipal da Figueira da Foz deliberou há uma semana fazer uma alteração às Opções do Plano e Orçamento para 2005, afectando uma dotação de 530 mil Euros (106 mil contos) para umas referidas “ obras de beneficiação do Estádio Municipal”.
Segundo depreendo, a verba destina-se a melhorar as instalações para a comunicação social e os camarotes, e sobretudo a obter o fornecimento e a instalação de um sistema de controlo de acessos, bilhética e gestão de associados.

Associados de quem? Obviamente que do club de futebol da terra..
Não vale a pena fingir que não se trata de uma descarada forma de subsídio directo a uma organização (um club) de espectáculo e de negócio, a que é habitual chamar de “espectáculo desportivo”.
O que a Lei proíbe. Não sendo por isso de espantar que o Tribunal de Contas, se estiver atento, venha a chumbar a referida alteração orçamental e a considerar inválido o correspondente contrato de fornecimento.

E tudo isto para quê? Para depois o Estádio Municipal, com capacidade já alargada para 10 mil espectadores, num fim de semana de Agosto, com a cidade ainda cheia de banhistas, e num jogo importante com o vice-campeão nacional, se “encher” com 6 mil pessoas?
Aquela verba de meio milhão de Euros, retirada das finanças de um Estado e de um Município que estão “ de tanga”, e a juntar a muitas outras já anteriormente espatifadas para fins semelhantes, que retorno vai proporcionar para a economia local, ou para a melhoria da qualidade e condições de vida das gentes da Figueira da Foz?

Nota:
Passei de relance os olhos pelo canal TVSport (creio ser assim que se chama) quando, na passada 6ª feira, este dava algumas imagens dos camarotes do estádio, antes de se iniciar o jogo entre a Naval 1º de Maio e o FCP.
Observei ilustres autarcas locais fazendo vénias a Pinto da Costa, um dos vultos eminentes de um dos mais poderosos “poderes fácticos” da República.

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