<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, agosto 25, 2005

O ENDIVIDAMENTO MUNICIPAL (1)
AS PROPORÇÕES

O Diário Económico noticiava anteontem, a três quartos da largura da sua primeira página:

Autarquias devem mais de 870 milhões a fornecedores
Dívidas a fornecedores são escapatória às restrições no acesso ao crédito.
Endividamento bancário continua a aumentar.

Façamos de novo umas contas, sobre os joelhos, e em números redondos, sobre o Município da Figueira da Foz.

Portugal tem 8,8 milhões de eleitores.
Aquela dívida total de 870 milhões de Euros, dividida por este número de eleitores, dá cerca de 99 Euros por eleitor.
A Figueira da Foz tem 56200 eleitores. Com aquele valor médio nacional da dívida por eleitor, o Município da Figueira da Foz deveria, na proporção, ter um endividamento a fornecedores de 5,6 milhões de Euros (99*56200 = 5563800).
De acordo com as suas contas do exercício de 2004, no final deste ano, o Município tinha uma dívida de 13,1 milhões de Euros a fornecedores. Recorde-se que era de 14,4 milhões de Euros no final do mandato de Santana Lopes, e que entretanto, em 2002, houve a “injecção” de 20 milhões de Euros de empréstimos à banca, nas finanças municipais.
De então até agora, não sei exactamente como é que a dívida a fornecedores terá evoluído, mas tenho muito boas razões para pensar que tenha aumentado substancialmente. De resto, a Câmara Municipal não presta informações intercalares ao longo do ano sobre os níveis de endividamento, pelo que será legítimo fazer meramente especulações.
Não ficaria muito admirado se a actual dívida a fornecedores rondasse por isso os 15 milhões de Euros.
Ou seja, será cerca de 2,7 vezes superior à dívida que lhe caberia no bolo nacional, se fosse respeitada a proporção acima referida (15 : 5,6 = 2,68).

Os números são todavia piores se nos referirmos somente a dívidas a empreiteiros.
A dívida nacional total de todas as autarquias a empreiteiros, ainda segundo o Diário Económico, era da ordem dos 450 milhões de Euros. O que dá, fazendo contas semelhantes, 51,1 Euros por eleitor (450 : 8,8 = 51,1).
Fazendo proporção idêntica para o Município da Figueira da Foz, caberia a este possuir uma dívida a empreiteiros de 2,9 milhões de Euros (51,1*56200=2,9).
Não tem, tem muito mais.
Em final de 2004 tinha 10,7 milhões.
Agora terá certamente ainda mais. Estimemos (porque a Câmara Municipal não presta dados sobre a matéria), assim por baixo, uns 13 milhões de Euros.
Isto é, se assim for, será cerca de 4,5 vezes superior à dívida a empreiteiros que lhe caberia no bolo nacional, se fosse respeitada a proporção acima referida (13:2,9=4,48).

This page is powered by Blogger. Isn't yours?