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quarta-feira, julho 20, 2005

A SECA?...QUAL SECA?...

Se a seca é severa ou extrema, trata-se de uma mera questão semântica.
Do que não há dúvida é que estamos perante uma verdadeira catástrofe, de cuja escala muitos cidadãos e muitos governantes ainda não se deram conta.

Só agora vão começar campanhas de sensibilização para o não desperdício de água.
Já deviam ter começado em Março ou Abril passado, quando se tornou claro que praticamente não havia chovido nada durante o Inverno.
Sensibilizar para o não desperdício, já não chega. É preciso sensibilizar, isso sim, para um grande esforço, pessoal e colectivo, de radical economia de água. Para uma verdadeira esforço de mobilização nacional.
Ainda faltam 2 meses para o fim do Verão, e nada garante que as chuvas comecem logo no início do Outono. E se vier aí um próximo ano com pluviosidade abaixo da média, os problemas no Verão de 2006 serão ainda piores.

Há coisa de 3 meses, o Presidente da Câmara declarou publicamente que não senhor, a Figueira da Foz não teria quaisquer problemas de abastecimento de água.
Não deve ter, de facto, pelo menos para já, neste Verão ou neste Outono próximo.
Nessa matéria, a Figueira da Foz é particularmente privilegiada. Fica tal privilégio a crédito da existência das duas fábricas de papel e pasta.
Não fora estas terem-se aqui instalado, e veríamos como a tal Figueira dita de forte “vocação turística” não correria também sérios riscos de ter cortes do abastecimento de água. Veja-se só o que está a acontecer com as lagoas de Quiaios.
A Figueira é abastecida fundamentalmente a partir de água da barragem da Aguieira, e esta parece não estar (ainda) com níveis alarmantes, como acontece em quase todas as barragens do sul do país.
Mesmo assim, aquela afirmação excessivamente “tranquilizadora” pareceu-me pouco sensata, e de modo nenhum sensibilizadora quanto à necessidade de economizar água.

A seca passa portanto, e para já, ao lado da Figueira da Foz.
De forma quase obscena, apetece dizer.
Enquanto já ocorrem severos racionamentos e cortes de água em 29 concelhos, para cima de 30 mil portugueses já estão a ser abastecidos por auto tanques, as pequenas barragens para a agricultura de regadio já secaram, o gado vai morrendo, a fruta seca e mirra nas árvores, se dão como quase inevitáveis cortes de água no turístico Algarve, e até nas chuvosas terras de Viana do Castelo, os muitos milhares de metros quadrados dos relvados, canteiros e rotundas figueirenses encontram-se muito verdes e viçosos, assim aguentados com abundante rega.
Ainda ontem, ao fim da tarde, numa rotunda perto de Buarcos, uma meia dúzia de bocas de rega aspergiam generosamente a sua extensa e verdejante relva.

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