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quinta-feira, julho 14, 2005

DARWIN E AS POSIÇÕES PRO-AMERICANAS…

O prezado colega Amicus Ficaria dedicou-me ontem um post, no qual me deixa desvanecido com uma referência ao facto de eu ser alegadamente “conhecido pelas posições pró-americanas “
Tomo-a à conta de uma pequena provocação, qual canelada irónica e inofensiva. Por isso não levo a mal.
Desde logo, o ser classificado como “ conhecido” puxa pela minha auto estima, que anda tão por baixo.
Serei assim conhecido onde? No Ministério dos Negócios Estrangeiros? Nas Nações Unidas? Na Comissão Europeia? No Pentágono? Junto da Al-Qaeda? Pela prima Condoleza?
Fogo!...Talvez ainda consiga um lugarzito na NATO, por exemplo, onde são os americanos que mandam.

Causa-me urticária, é verdade, a arrogância de certas figuras mais blasés da inteligentzia indígena, a qual, fazendo gala de um anti americanismo primário e bastante serôdio, acusam sempre os Estados Unidos de todos os males e perfídias que vão pelo mundo, de serem isto e aquilo, e logo também do seu contrário.
Se o prezado colega Amicus Ficaria chama a esses ataques de urticária sintomas de “ pró americanismo”, muito bem: assenta-me bem o labéu.

O prezado colega Amicus Ficaria vai perdoar-me, mas eu não resisto a retribuir a canelada.
É que subjaz ao conteúdo do vosso post ( e não tanto ao do blogue Margens de Erro, do qual fizeram a transcrição) uma ideia mais ou menos deste jeito:
A sociedade americana é constituída por imbecis, vejam lá que ainda não conhecem ou reconhecem a teoria de Darwin, grandes tansos, acreditam que os homens foram criados directamente por Deus, e que, além disso, mais grave ainda, só elegem presidentes que ou são mafiosos como o Nixon, tontos como o Carter, artistas de Hollywood como o Reagan, tarados sexuais como o Clinton, e cowboys broncos como o Bush.
Não quero magoar os amigos do Amicus Ficaria, e por isso não adjectivo este tipo de ideia.

Eu pelo-me por uma boa polémica. Mas dissertar, mais ou menos academicamente, sobre temas como americanismo ou anti americanismo, atlantismo versus anti atlantismo, não é coisa para a blogoesfera paroquial . Ficaria uma chumbada!
Mas se os amigos do Amicus Ficaria quiserem organizar um debate, um encontro, um colóquio, ou coisa parecida, sobre este tema, como já organizaram sobre outros, terei o maior gosto em participar.
Não tenho sobre isso nenhum complexo de esquerda. Se quiserem, poderei participar como defensor daquilo a que chamam as “posições pró americanas”.
Seja-me naturalmente perdoada a vaidade e a presunção. Mas como puxaram pela minha auto estima, ao classificarem-me como “ conhecido”, acho que estarei perdoado.

Três notas finais.
1.
Se repararem bem, as duas perguntas do inquérito, afinal são uma só.
É que perguntar “Do you think human beings developed from earlier species ?” é exactamente a mesma coisa que perguntar “ do you believe that human beings were created directly by God”.
Não se percebe muito bem a discrepância dos números, o que desde logo coloca em causa a qualidade do inquérito.

2. O darwinismo é um corpo de ideias, um paradigma, uma teoria geral, uma hipótese explicativa do desenvolvimento da vida animal na terra.
Como tal, como teoria que é, ainda hoje é matéria de debate no seio da comunidade científica.
É bem achada e, para muitos, convincente. Para mim é.
Não é todavia uma Lei . Para passar a ser Lei necessitava de passar pela crítica da dúvida metódica e pelo crivo da experimentação.
No meu tempo de Liceu, isso estudava-se, no 7º ano, na disciplina de Filosofia. Na teoria do conhecimento, salvo erro.

3.
Apoio a sugestão de um anónimo que ontem juntou este comentário ao post do Amicus Ficaria :
E se fizessem esta sondagem no Portugal real? Também havia de ter piada, não”?.
E acrescento: também a poderiam fazer na culta França, a pátria do iluminismo,a luz do mundo…

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