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quinta-feira, maio 12, 2005

A PROPÓSITO DE NEGÓCIOS

Segundo noticia a comunicação social, outro caso actualmente a ser investigado é o de uma gorda adjudicação de um sistema integrado de informação, já depois das últimas eleições legislativas, a uma empresa ligada ao antigo Ministro da Administração Interna e a Dias Loureiro.
A empresa chama-se, salvo erro, Sociedade Lusa de Negócios.
A designação é bastante enigmática, quase tenebrosa.
Ao ler-se o nome, não se fica a saber bem se é um banco, uma seguradora, um escritório de advogados, uma imobiliária, uma agência de import-export….
Presume-se isso sim, vaga e tão somente, que trata de negócios

Confesso ficar quase sempre embaraçado quando tenho que traduzir expressões em inglês como “ business strategy” , “business profitability” ou “ business area”.
Estratégia do negócio, rendibilidade do negócio, ou área de negócio, soam-me sempre mal, tão negativa é a carga correntemente associada em Portugal ao substantivo negócio.

Curiosa será uma análise etimológica dos termos usados para a mesma coisa em português
e em inglês.
A palavra negócio resulta do prefixo “neg” associado ao substantivo “ócio”. Ou seja, a negação do ócio.
A definição da coisa faz-se pela negativa de outra. Parecendo indicar-se que o ócio é o estado natural; e que portanto o trabalho, a iniciativa, o empreendimento, o exercício do risco, são negação desse estado.
Já em francês, embora exista a palavra “negoce” ( usado muito nos países francófonos de África…et pour cause…), business é melhor traduzido por affaire , ou seja, algo "a fazer"…
Em inglês, business deriva da junção do adjectivo busy ( ocupado) e do prefixo “ness” que designa o estado. Business designa assim, pela positiva, o estado e actividade de quem está ocupado, de quem trabalha, toma iniciativa, empreende e assume o risco.

Isto pode parecer tratar-se de meros e académicos exercícios de semântica.
Mas bem lá no fundo, reflecte duas ópticas e duas abordagens distintas do papel da actividade económica e empresarial na sociedade. E há quem defenda que pelo confronto dessas duas ópticas se podem ver os efeitos da reforma luterana do século XVI .

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