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terça-feira, maio 17, 2005

CHEIRO A TORMENTA

O Estado Português não poderá, de modo algum, apresentar-se perante a União Europeia e sobretudo perante a zona Euro, com um deficit das suas contas da ordem de 7% do PIB.
É simplesmente impossível. Seria um desastre de consequências difíceis de imaginar.
Dê lá por onde der, pelo menos será imperioso reduzir um ponto e meio a dois pontos percentuais àquele racio, já, neste corrente ano de 2005, e daqui até final do ano. E isso vai ser muito doloros.
Por isso se sente no ar um cheiro a tormenta.
Estudos, diagnósticos, alertas, expressões visíveis de preocupação, lamentos, já temos que chegue.
Não teria sido necessário esperar dois meses, não para anunciar, mas para colocar em prática algumas medidas concretas que há muito se deveria saber serem inevitáveis.
Agora tem de ser mesmo. Vai haver uma enorme gritaria.
Vai haver acusações de traição a compromissos e promessas, arrependimentos por terem sido dados votos ao engano.
José Sócrates vai ter de desdizer muito do que andou a dizer e a prometer durante a campanha eleitoral.
Mas não tem outra solução. E nós, os eleitores, não teremos nem outra solução nem outra alternativa.
Reconheça-se, ainda assim, que a alternativa política colocada aos portugueses em 20 de Fevereiro passado ( Santana Lopes, com os seus prosélitos e com os seus compagnons de route tipo Paulo Portas e Nobre Guedes...) era bem pior do que aquela que os portugueses acabaram por escolher.
Lembremos, por exemplo, ter sido Santana Lopes, no seu conhecido estilo errático e irresponsável, a anunciar, por volta de Agosto passado, que a austeridade tinha chegado ao fim e que vinha aí um “tempo novo” . No que alguns portugueses então acreditaram, logo tal se reflectindo de novo no consumo.
Fui dos que não acreditei. Nem na “boa nova” de Santana Lopes, nem nalguns compromissos equívocos de José Sócrates durante a campanha .
Só que acreditei, como ainda continuo a acreditar, até ver, que este seria mais capaz do que Santana Lopes para liderar um inevitavelmente doloroso processo de cura dos males das contas do Estado e da nossa balança comercial.

Deixem-me recordar um post aqui publicado em 17 de Dezembro de 2004 :

GOVERNO POR QUATRO ANOS
Para o bem de todos nós , e sobretudo dos mais jovens , seria muito desejável , diria mesmo indispensável , que José Sócrates adoptasse na próxima campanha eleitoral um discurso do estilo :
Eu e o meu governo iremos governar pensando mais em Portugal e no seu futuro , e não no Partido Socialista e no seu futuro .Se , dentro de quatro anos o eleitorado estiver eventualmente descontente connosco , agastado por causa da nossa política de rigor , de exigência e de verdade , e como consequência , perdermos as seguintes eleições legislativas , paciência .
Não nos importaremos , se tivermos governado para bem de Portugal .
Será pedir muito? Ou estarei a ser demasiado ingénuo?
E será que , com tal discurso, o Partido Socialista ganharia as eleições legislativas do próximo dia 20 de Fevereiro? Eu acho que sim , ganharia .

Hoje, continuo convencido que sim, teria ganho.
E estaria porventura hoje com mais autoridade, e numa posição de não temer acusações de faltar a compromissos assumidos perante o eleitorado .
Mas não valerá a pena chorar sobre leite derramado. O que importa agora é fazer o que tem de ser feito. Sem mais hesitações.

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