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quinta-feira, abril 14, 2005

VER CANTAR E OUVIR TOCAR MUSICA

Vai hoje ser inaugurada a Casa da Música no Porto. Custou 100 milhões de Euros. A estimativa de custo inicial era de 15 milhões. Houve derrapagem, está visto. Já estamos habituados.
Muito dinheiro irão também custar os muitos espectáculos de música, de variada natureza que nela aí se vão certamente realizar, para os quais as receitas de bilheteira não darão porventura para pagar os cachets dos artistas ou dos grupos musicais. O que faltar, os contribuintes pagam, mesmo que não vão ou não possam ir aos espectáculos.
Por todo o lado, em Portugal, se constroem e se levantam salas de espectáculos e centros de arte, para consolo do refinado espírito artístico de uma parte da nossa gente. Aquela que tem mais sorte.
Lisboa já tinha o CCB; a Figueira já tem o CAE-Pedro Santana Lopes; o Porto também tinha o Coliseu, mas passa agora também a ter a CdM. Coimbra também há-de vir a ter qualquer coisa, em breve. E porque não há-de ser assim? Não é verdade que Lisboa tem 2 mega estádios de futebol, na mesma artéria lisboeta, a uns escassos mil metros um do outro?

Sucedem-se os concertos, os festivais de música, os Rock in Rio, as animações de verão.
Somos um país pobre, cada vez mais pobre, e cada vez mais lá para trás, no confronto com os novos parceiros da União Europeia. Por este andar, até os 10 que entraram no ano passado rapidamente nos ultrapassam.
Não há dinheiro para melhorar as instalações e os equipamentos dos tribunais, nem para instalar laboratórios e oficinas em todas as escolas secundárias, nem para comprar novas viaturas para as polícias, nem para tratar os resíduos, nem para melhorar e tornar mais eficientes as nossas estruturas ferroviárias, nem para proteger as nossas costas da erosão marítima, nem para construir mais barragens a fim de reter e guardar a água que nos falta e faltará, nem para cuidar melhor dos idosos, nem para ter energia eléctrica mais barata para as nossas indústrias, nem para impulsionar a agricultura de regadio, nem para cobrir rapidamente todo o território com saneamento básico, nem para, nem para , nem para…..
Nem, por exemplo, para que a grande maioria dos nossos conservatórios, onde se toca e aprende a tocar música, deixem de funcionar em casas antigas e degradadas, com aulas e ensaios realizados em cubículos nas caves ou nos sótãos…

Antes continuam a mandar mais aqueles que dão prioridade à criação de condições para continuarmos a ser um povo de poetas e de festivais da poesia. Um povo que canta, ri e toca música.
Toca, não ! Ainda se tocasse! Ouve e vê tocar, isso sim.
Iremos longe.

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