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segunda-feira, março 07, 2005

OS TERRORES OBSCURANTISTAS DA CO-INCINERAÇÃO

A alternativa de fazer a co-incineração dos resíduos industriais perigosos ( RIP’s) em fornos de cimento, foi mais uma vez utilizada como arma para aterrorizar e manipular a opinião pública, com base em argumentos do mais medievo obscurantismo.
Desta feita, num contexto mais crispado de campanha eleitoral, o que fez aumentar ainda mais a descabelada demagogia já em 1999 e 2000 usada por caciques do PSD de Coimbra e por alguma “intelectualidade” coimbrinha.
Todos estaremos lembrados do grande outdoor à entrada da Figueira da Foz, exibindo muitas chaminés vomitando espessas e escuras nuvens de fumo, tendo ao lado inscrições de fino gosto como “Diga não à co-incineração” e “ Votar PS prejudica gravemente a saúde”.
Ou aquelas declarações da candidata do PSD , Zita Seabra, prestadas ao diário As Beiras de 18 de Fevereiro : “ Não tenho dúvidas de que a co-incineração virá para Coimbra. O que será um desastre”.

O eleitorado deu-lhes a resposta adequada, revelando muito mais inteligência e muito maior maturidade cívica e cultural do que aqueles que haviam tentado manipulá-lo e condicioná-lo.
O PS liderado por José Sócrates, o tal antigo Ministro do Ambiente que, em plena campanha eleitoral havia ousado repetir que a co-incineração era uma solução ambientalmente aceitável, obteve claras vitórias eleitorais no distrito de Coimbra ( 45,41% ), no Concelho de Coimbra ( 45,68%) e até mesmo em Souselas ( 41,97% ).
Esta , é a tal freguesia da qual constava estar combativa e unanimemente contra a co-incineração nas instalações da cimenteira, ali mesmo colocada no centro da terra, e a qual era ameaçada de ter toda a gente envenenada, se José Sócrates insistisse na sua.
Ficou assim demonstrado o falhanço da estratégia da manipulação panfletária pelo terror e pela exploração do obscurantismo.

Quem, como Zita Seabra e outros antes dela, usou tal estratégia e tais argumentos, não sabiam nada, literalmente nada, do que estavam a dizer.

Na União Europeia, existem cerca de 250 unidades cimenteiras, com um total de 450 fornos. Destes, cerca de 150 recorrem a combustíveis alternativos, num total de matéria equivalente a cerca de 3 milhões de toneladas de carvão, do que resulta uma taxa de substituição de combustíveis fósseis da ordem de 20% .
Portugal tem de importar todo o combustível fóssil que consome, e que não é pouco.
Não podemos continuar, sendo pobres, fingindo ser ricos, com hábitos e padrões de consumo de ricos. Neste como em muitos outros mais domínios.
Na Bélgica, todas as 5 unidades cimenteiras, fazem co-incineração de RIP’s. Na Suécia, as 3 unidades cimenteiras existentes fazem co-incineração de RIP’s. A única fábrica de cimento da Holanda faz co-incineração de RIP’s. Na Alemanha, fazem co-incineração 35% das cimenteiras, na Áustria 78% , na Suiça 64% , na Espanha 15% .

Mas como sabemos, todos estes países, coitados, são atrasados, terceiro mundistas, e neles as pessoas e os governos dedicam-se malvadamente a agredir o ambiente e a envenenar as pessoas.
Portugal, além ser um país rico, tecnologicamente muito avançado, com preocupações e cuidados de saúde sem paralelo, culturalmente cheio de intelectuais, com militantes ambientalistas topo de gama e super inteligentes, não pode por isso alinhar pelos padrões e hábitos dos outros seus pobres e tontos parceiros comunitários.
Ficava-nos mal, não era?...

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