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quinta-feira, março 10, 2005

A OBSESSÃO ANTI AMERICANA

No programa Quadratura do Círculo (SIC Notícias) de ontem , José Magalhães meteu os pés pelas mãos quando o debate se centrou em torno das consequências da presença de Freitas do Amaral como Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Confrontado com a possibilidade de ocorrerem choques e clivagens entre a atitude doentiamente anti americana de Freitas do Amaral e a tradicional posição menos anti-atlantista do PS e de José Sócrates, José Magalhães passou ao ilustre professor de Direito um atestado de trocatintismo e de hipocrisia, ao dizer mais ou menos o seguinte.
Não senhor, não haverá problema nenhum. Freitas do Amaral aceitou integrar um Governo do PS para levar a cabo a política externa deste e não a dele, Freitas do Amaral.
Logo, ele terá de acertar e concertar as suas opiniões em política externa com aquilo que nessa matéria forem as opções do Governo enquanto órgão colectivo de soberania .
Ou seja : admitiu como certa a hipótese de Freitas do Amaral dar mais uma cambalhota, de mudar mais uma vez de opinião, de expressar o contrário daquilo que já expressara.
José Magalhães até poderá ter razão, não o nego. Só que a verificar-se tal, será novamente afectada a credibilidade do ilustre senador da República.
Como notou Pacheco Pereira, quando Freitas do Amaral for entrevistado pela CNN, a primeira pergunta com que o/a jornalista irá confrontá-lo, será sobre a infeliz comparação que fez entre G.W.Bush e Hitler.
Bem pode vir jurar a pés juntos que uma coisa é a sua posição quanto a G.W. Bush, e outra bem distinta é quanto aos Estados Unidos da América e aos americanos. Na sua esmagadora maioria, estes ficarão chocados e indignados quando souberem que o “seu” Presidente foi comparado a Hitler, pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, um país amigo e aliado.
Uma postura anti atlantista e anti americana, sobretudo com o grau de demência manifestado por Freitas do Amaral (ainda o manifestará?...) é certamente lesiva dos interesses de Portugal e da União Europeia.


Gosto muito de Espanha e dos Espanhóis. Tenho por muito desejável uma crescente integração e fusão dos dois tecidos sócio económicos peninsulares, e entre estes países e os restantes da União Europeia, desde que mantenhamos na íntegra a nossa identidade cultural.
Mas, pelo sim pelo não, que o caminho para essa inevitável fusão, até numa perspectiva federalista, se faça sempre sob o respaldo da tradicional e estratégica aliança, e bom relacionamento político de Portugal com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
Vejamos um exemplo da eventual necessidade desse respaldo.
Uma enorme percentagem dos nossos recursos hídricos de superfície vêm de Espanha, através de 4 grandes rios : Minho, Douro, Tejo e Guadiana.
A escassez de água na península ibérica poderá vir a agravar-se nos próximos anos, em especial nas zonas já secas de Castela e do sul de Espanha.
Por razões de sobrevivência da agricultura intensiva praticada na parte mediterrânica do seu território, fortemente dependente de água transvasada do norte, os espanhóis poderão ser tentados a ir fechando “ as torneiras” daqueles rios, retendo as suas águas para manter cheios os seus “embalses”.
Num tal cenário hipotético, a que poder de dissuasão iria Portugal recorrer para evitá-lo?
À comunidade internacional?...uma coisa que ninguém sabe muito bem o que é…
À União Europeia?...onde quem mandará são os grandes países, como a própria Espanha…
À França?...olha a quem!...
À Alemanha?...mais entretida e virada para o que se vai passando a leste e à sua beira, como na Hungria, na República Checa, na Eslováquia ou na Polónia!…

E a própria Espanha. A quem poderá recorrer se e quando, por exemplo, o mundo muçulmano quiser impor pela força a entrega de Ceuta e Melila a Marrocos? À União Europeia?... insignificante no plano do poderio militar, como bem demonstrado já nos trágicos conflitos inter étnicos ocorridos na região balcânica…
Ser ou não ser defensor de uma visão e de uma abordagem atlantista da política externa, no plano nacional como no plano da União Europeia, não tem nada a ver com o ser de esquerda ou o ser de direita.
Mas sim com o ter ou não ter sensatez, o saber ou não saber História, o ter ou não ter prudência.

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