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sexta-feira, março 04, 2005

O NOVO GOVERNO

Uma primeira apreciação, muito a quente, sobre o novo Governo, agora conhecido.
São já muitos as reacções e os comentários surgidos nas televisões, nas rádios e porventura até em muitos e muitos blogues. Por isso será dificil ser-se original. E não haverá lugar a mais do que uma meia dúzia de comentários,de índole mais ou menos pessoal.
1.
É um bom indício a forma como foi realizada a composição do Governo e a sua divulgação aos portugueses : discreta, rigorosa, sem espalhafatos mediáticos, no tempo próprio.
José Sócrates manteve ao longo destes dias uma exemplar discrição . Todos estarão lembrados que, ainda nem sequer estava nomeado 1º Ministro, já Santana Lopes dava (recordam-se?..) uma mediática entrevista, sentado nos jardins do seu majestoso palácio de Presidente da Câmara de Lisboa, na qual foi dizendo que ia espalhar uns tantos Ministérios pelo país fora, como forma de mostrar o seu grande empenhamento na descentralização da Administração Pública.
2.
O Governo é pequeno em número de ministérios , revelando à primeira vista coesão no núcleo político, e sabedoria e bom senso no núcleo económico-financeiro . Este último (Campos e Cunha nas Finanças e Manuel Pinho na Economia) estará bem consciente da necessidade do rigor na gestão dos dinheiros públicos, e é de molde a inspirar confiança aos meios financeiros e aos investidores, nacionais e estrangeiros. O que é bom.
3.
António Vitorino não quis ficar no Governo ; tudo leva a crer que foi essa a razão da sua ausência.
O que não lhe fica nada bem . Mário Soares havia-o repreendido aqui há dias, chamando-lhe a atenção de que neste momento ninguém útil ao País tinha o direito de ficar de fora, de forma egoista e calculista. Anota-se o gesto, que acho feio. Irá porventura para um escritório de advogados, ganhar pipas e pipas de massa, um pouco à custa do currículo que entretanto adquiriu na Comissão Europeia, para onde não teve qualquer hesitação em ir. Para mim foi uma foi enorme decepção esta verdadeira tampa dada a José Sócrates . Mas paciência. Que lhe preste . Mas depois que não venha mandar bitates e bolsar sentenças. Se está a pensar ser candidato a Presidente da República, pela parte que me toca enquanto eleitor, pode tirar o cavalinho da chuva.
4.
Ficaram felizmente de fora muitas caras conhecidas do pior da tralha guterrista . Não estão no Governo nem João Cravinho, nem Maria de Belém, nem Manuel Carrilho, nem Armando Vara, nem Vera Jardim, nem Jorge Coelho.
5.
Contudo, Alberto Costa na pasta da Justiça é uma escolha muito infeliz. Foi um mau Ministro, hesitante, titubeante, complexado . Tem, além disso, uma cultura jurídica excessivamente afrancesada, bebida nos meios um tanto bolorentos da Universidade de Coimbra.
6.
Registo e lamento a ausência de José Lamego, dos poucos politicos em idade ministeriável que pode reclamar-se de ter um passado verdadeiramente “ anti-fascista”, comprovado na coragem física que, ainda jovem , revelou em confronto com a PIDE . Coragem que mais uma vez revelou ao aceitar o arriscado desafio de participar, em pessoa, na instalação de um regime democrático no Iraque.
7.
São muito boas escolhas Correia de Campos na Saúde, António Costa na Administração Interna, Mariano Gago na Ciência, Silva Pereira na Presidência, Luís Amado na Defesa, Santos Silva nos Assuntos Parlamentares
8.
Lamentável é a presença de Freitas do Amaral nos Negócios Estrangeiros. Indicia uma abordagem anti-atlantista da política externa, e um alinhamento seguidista às teses e interesses de Jacques Chirac e da hegemonia da “Grande” França ( que como se sabe detesto supinamente...) na União Europeia.
Não gosto da sua trajectória política, desde membro da Câmara Corporativa e delfim de Marcelo Caetano, até assumir aquelas ridículas posições de um obsessivo e primário anti-americanismo ( e logo também um anti atlantismo), em minha opinião resultante de um qualquer trauma pessoal por ele sofrido quando foi Presidente da Assembleia Geral das Nações . Freitas do Amaral imaginou então estar na posição de Chefe de Estado do Mundo, a pessoa mais importante do Universo, esperando veneração e deferência da parte dos grandes líderes mundiais, quando na realidade não passava de um singelo sucessor de anónimos ex-presidentes da Assembleia Geral, oriundos da Nigéria, do Nepal, das ilhas Maurícias ou do Burkina Fasso...

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