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quinta-feira, março 31, 2005

A CANDIDATURA DE MANUEL CARRILHO

Para o Partido Socialista, Manuel Carrilho poderá sem dúvida ser um bom candidato a Presidente da Câmara de Lisboa.
Depois dele se ter chegado à frente, impondo-se da forma descarada como o fez, não sei se restaria outra solução aos dirigentes do PS que não fosse “ escolhê-lo” para candidato.
Mas uma coisa é ser um bom candidato.
Outra, bem distinta, é ter potencial e características de competência e de personalidade para vir a ter um bom desempenho como Presidente da Câmara.
Em minha opinião, Manuel Carrilho não tem esse potencial nem essas características.
Antecipo mesmo que, se for eleito, ainda irá causar muitas dificuldades ao Governo de José Sócrates ( em especial ao seu Ministro das Finanças…) e muitas dores de cabeça ao próprio Partido Socialista.
Manuel Carrilho tem cultivado e revelado uma imagem de político “ betinho”, com um verniz “blasé” da chamada esquerda de caviar, de frequentador deliciado do “jet set” indígena mais refinado, de intelectual diletante, por vezes arrogante.
Dizem alguns que terá sido o melhor Ministro da Cultura dos últimos tempos.
Se isso possa eventualmente ser verdade, menos verdade não será que nunca, como no seu tempo, o Ministério da Cultura pode dispor de tantos recursos e de tanto dinheiro, vertido generosamente durante a memorável “cigarrada” guterrista.
Que, não por acaso, coincidiu com o “novo tempo” da “ cigarrada” santanista na Figueira da Foz.

Muito dificilmente estou a imaginar Manuel Carrrilho no exercício de acção política orientada para as preocupações e as dificuldades do quotidiano das gentes que vivem ou trabalham em Lisboa : os prédios em ruínas que se abatem em derrocada, o transito e o estacionamento desordenados e terceiro-mundistas, os transportes públicos que são lentos, os bairros degradados que se transformam em guetos, a insegurança que assusta os moradores em certas áreas, as ruas e os passeios esburacados, os resíduos que é necessário recolher, os lixos que se espalham pelas ruas levados pela ventania, os espaços verdes que vão sendo comidos pelas cobiças imobiliárias, os esgotos que entopem provocando inundações mal chove um pouco….

Antes o estou a ver manifestando clara propensão para dedicar prioritariamente a sua atenção e muitos recursos financeiros municipais para apoio aos “ agentes culturais”, para concertos, festivais e outras formas de animação ou circo, para conferências e visitas de intelectuais ilustres, para intervenções de grandes vultos da arquitectura internacional, para grandes eventos culturais, para aquilo que já começou a designar por “ cosmopolitismo”...
Apesar de tudo, porventura num modelo e numa versão menos “kitsh” do que durante os tempos de Santana Lopes.

Tudo causas e coisas muito bonitas, importantes e desejáveis, sem dúvida . Mas que, à escala da ambição e do diletantismo de Manuel Carrilho, dificilmente serão compatíveis com a verdade nua e crua de que as necessidades básicas a satisfazer serão cada vez mais urgentes e prioritários, e os recursos disponíveis serão cada vez mais escassos.

Post scriptum
Estou curioso em ver se Manuel Carrilho irá expor e utilizar a sua família, designadamente a sua mulher e o seu filho, para efeitos de promoção de imagem e de propaganda eleitoral...

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