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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

UMA OPÇÃO INADIÁVEL PARA A FIGUEIRA

É seguramente uma boa, uma muito boa notícia, a de que foram concedidas licenças para duas centrais de produção de electricidade queimando gás natural se instalarem na mata da Leirosa ,
no Concelho da Figueira da Foz.
A confirmar-se a construção e posterior entrada em laboração das duas centrais, verificar-se-à um acentuado reforço do perfil da Figueira da Foz como terra de trabalho e de indústria, em desejável desfavor da sua actual imagem de terra de lazer, de cachondeo e de turismo para banhistas.
O emprego directamente gerado não será muito grande ( umas 5 a 6 dezenas de empregos) . Mas já terá muito peso e significado o emprego indirecto ( assistência técnica e manutenção) quando em fase de operação, assim como a mão de obra utilizada durante a sua construção . Sem falar no trabalho eventualmente dado a alguma indústria metalo mecânica nacional, se o equipamento puder ser , em grande parte , adjudicado à indústria nacional, como é desejável.

É altura de se encarar bem de frente esta realidade : nos tempos actuais, com o actual contexto socio-económico europeu, e com os actuais destinos e ofertas turísticas, a Figueira não é, nem deverá insistindo querer ser à viva força, uma terra mais conhecida pelo turismo e onde este seja área de negócio relevante. Já foi tempo, e hoje os tempos são outros .
Esta área de negócio poderá naturalmente continuar a existir, mas num plano de complementaridade à sua vocação e perfil de terra industrial e portuária . Mesmo o tão falado e desejado golf poderá e deverá ser visto nesta perspectiva de complementaridade .

Não são as enchentes de Agosto, ou dos fins de semana de Julho, ou de um ou outro fim de semana do resto do ano, que deverão criar ilusões.
A verdade é que, enquanto terra onde se pode vir espairecer um pouco, pela boa qualidade de vida e pela largueza de horizntes que realmente tem, a Figueira tem sido acima de tudo uma cidade dormitório, repleta de casas e apartamentos de segunda habitação.
Isso é consequência de uma visão apreciadora e instigadora da "betonização" da paisagem urbana, potenciada pela circunstância de que, ávidos de receitas correntes para gastar em despesas correntes, os recentes executivos municipais criaram uma grande dependência relativamente a receitas correntes tais como a sisa, a contribuição autárquica e as receitas por concessão de alvarás de loteamentos urbano e de construção.
Todas estas receitas serão tanto maiores quanto mais betão, e mais blocos de apartamentos se espalharem por tudo quanto é sítio nas áreas litorais. Pouco importando que seja para acolher sobretudo segunda habitação.

Segundo o censo de 2001 , 33,5 % das habitações do Concelho da Figueira da Foz, eram de segunda habitação. Como estas se deverão concentrar essencialmente nas freguesias de S. Julião, Buarcos, Tavarede e S.Pedro ( ou seja na parte urbana do Concelho) , não parecerá exagerado estimar que nesta mesma parte urbana, a proporção dos fogos de segunda habitação ande pelos 40 a 45 % .

È claro que a Figueira, se e quando adquirido um mais marcado perfil de terra de indústria, poderia eventualmente continuar a ser cidade de segundas habitações, e continuar a registar as tais enchentes .
Não sendo para isso necessário, de todo, que o Município faça elevadíssimas despesas promocionais em animações, festas, espectáculos, foguetes, carnavais, desfiles de bikinis, ou outros eventos pensados e destinados a dar circo ao pessoal, mais ao indígena que ao forasteiro.
Os vultuosos recursos financeiros que, ano após ano, ( sobretudo depois da passagem de Santana Lopes e dos seus herdeiros pela Câmara da Figueira) têm sido despedaçados para alimentar a imagem da chamada “ Figueira, terra no mapa e em permanente animação” , teriam sido bem melhor empregues se investidos ( e aqui o termo investir está bem aplicado...) na melhoria das infra estruturas indispensáveis para serem criadas condições logísticas e de vida moderna, capazes de mobilizar e atrair mais investimentos na indústria, no porto comercial e no comércio internacional.
Lembro que, por exemplo, só naquela completamente falhada campanha da "Lusitânea" foram espatifados cerca de 5 milhões de Euros(1 milhão de contos)...

O dinheiro é um bem escasso, não é?
Então aplique-se ( invista-se) naquilo que possa dar mais retorno, tenha maior efeito multiplicador, possa gerar mais riqueza, segundo uma inteligente hierarquia de prioridades.
Está-se sempre a tempo de corrigir a mão e mudar a visão estratégica.

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