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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

DECLARAÇÃO DE VOTO

Nas eleições do próximo Domingo vou votar no Partido Socialista.
Como já aqui escrevi uma vez, vota-se muitas vezes por exclusão de partes.
Na política, em geral, as escolhas podem fazer-se com frequência entre o mau e o muito mau.
Raramente entre o mau e o bom, e quase nunca entre o mau e o óptimo.
O meu voto decidiu-se por isso entre uma certeza, e uma relativa incerteza.

Tenho para mim a certeza de que Santana Lopes seria um péssimo 1º Ministro ; como já o foi e como já o demonstrou no seu desastroso e anedótico desempenho durante os últimos 6 meses, comprovadamente feito de incompetência e irresponsabilidade.
Em curta entrevista que dei ao Diário As Beiras do dia 7 de Junho de 2002, já tivera ocasião de declarar, referindo-me a ele :

“ Detesto a forma como faz política. Reveste-se de um populismo que até pode ser perigoso para o País “

Do que entretanto fui conhecendo sobre a verdadeira mistificação e mitificação feitas quanto ao balanço da sua “obra” na Figueira da Foz, sobre a qualidade e do estilo do seu desempenho na Câmara de Lisboa e, sobretudo, como 1º Ministro , e ainda sobre o seu comportamento durante esta campanha eleitoral, reforcei aquele meu juízo expresso há 2 anos e meio.
Nos dias de hoje, visto o que se viu, estou por conseguinte ainda mais convencido que a permanência de Santana Lopes como 1º Ministro e/ou na liderança do PSD, encerra um permanente perigo de uma deriva populista que poderá abrir caminho para a “sul-americanização” da via política portuguesa.
Não desejo ver Portugal governado ao estilo e ao jeito de gente politicamente tão detestável como por exemplo Santana Lopes, Alberto João Jardim, Filipe Menezes ou Miguel Almeida.
O PSD precisava por isso de um mau resultado eleitoral para poder livrar-se em definitivo de Santana Lopes, e continuar a desempenhar o seu histórico e importante papel de partido de alternativa e de alternância, no arco democrático daquela mesma vida política portuguesa.
O pior de tudo é que, para sua e nossa infelicidade, talvez não o venha a conseguir.

Quanto a José Sócrates.
Assaltam incertezas e angústias ao meu espírito, é bem verdade.
Mesmo ganhando com maioria absoluta, como desejo que ganhe, não estou seguro :

- se mostrará, como 1º Ministro, coragem e estatura de estadista, para resistir às influências desgastantes das sondagens, das corporações, dos lobbies, dos media, dos poderes fácticos, dos boys e dos aparelhos do Partido ;
- se não hesitará em tomar medidas difíceis, mesmo impopulares, que permitam sanear e equilibrar as finanças públicas, reforçar a autoridade do Estado de direito, e fazer funcionar eficazmente a Justiça, pré-condições indispensáveis para se melhorar o desempenho da economia e o bem estar dos portugueses ;
- se conseguirá imprimir à sua governação o ímpeto reformista que faltou por completo ao guterrismo politicamente gelatinoso, no seio do qual, apesar de tudo, José Sócrates se distinguiu, mostrando alguma fibra de governante corajoso.
- se resistirá aos cantos de sereia do facilitismo, do despesismo, do deixa andar que depois se vê.

No meio de todas estas incertezas e dúvidas, mantenho todavia uma réstia de esperança de que mostrará, não hesitará, conseguirá e resistirá.
Ou seja, uma réstia de esperança de que não se irá regressar ao guterrismo, por três ordens de razões:
- porque entretanto o PS fez aprendizagem
- porque é diferente o perfil psicológico de José Sócrates
- porque o contexto é hoje completamente diferente .

Irá depender, e muito, das equipas de que se rodear. Desejo e espero que não seja com gente politicamente reciclada da tralha guterrista.

Poderei enganar-me e vir a desiludir-me? Com certeza. Não hesitarei em o reconhecer, se tal for o caso.
Mas se não ficar com essa tal réstia de esperança, com que fico? Pela minha parte, recuso-me alinhar com uma atitude como a dos "vencidos da vida" do final do século XIX.


Se não houvesse já suficientes razões para ir votar no PS, acrescento mais uma.
Neste momento, tem-se por adquirido que o PS ganhará as eleições do próximo dia 20 de Fevereiro, faltando apenas saber se será com maioria absoluta, se sem maioria absoluta.
Tal como Cavaco Silva, penso que, se um partido ou uma coligação tiver mais ou menos como certa a vitória nestas eleições, então que o seja com maioria absoluta.
E esse partido só poderá ser óbviamente o PS.
Se não o conseguir, não será por falta do meu voto.
E isso não me ficará a pesar na consciência.

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