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segunda-feira, janeiro 31, 2005

TRAJECTÓRIAS E AMBIÇÕES POLÌTICAS

Sempre desconfio das súbitas viragens de 180º no arco da vida política, realizadas através de trajectórias mais ou menos meteóricas.
Certamente que todos têm o direito, talvez até o dever, de evoluir, de mudar, de se arrepender, de bater com a mão na testa e descobrir que estava enganado.
O fixismo em politica é também sinal de rigidez intelectual, a que se poderá dar até outro nome, e que não é nada abonatória para quem a revela.
Mas certas evoluções e atitudes dão mesmo para desconfiar, por não ser muito claro quanto interesseiras elas efectivamente possam ser.
É esse o caso, em minha opinião, do recente protagonismo mediático avidamente procurado por Freitas do Amaral.
Não é necessária muita sagacidade para se poder conjecturar que o que o fará correr, e tanto dar nas vistas, seja a sua revelada aspiração em ser candidato a Presidente da República.

Sucede que Freitas do Amaral praticou uma acção feia ao elaborar o parecer (certamente bem remunerado, como são geralmente os pareceres dos doutores de leis…) sobre a utilização do fundo de pensões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para tapar parte do deficit do Estado em 2004.
Bem pode Freitas do Amaral vir dizer que ele é Presidente da Assembleia Geral da CGD, e que a acção judicial sobre a qual deu parecer foi, não contra a CGD, mas sim contra o Estado.
No plano jurídico, até parece certo este argumento. Não fora a relevante circunstância de ser o Estado o patrão da CGD. Ou seja, o patrão do patrão de Freitas do Amaral. No plano ético, era recomendável que pedisse a demissão do lugar ocupado e depois elaborasse o parecer. Numa linha de maior coerência com o que foi inicialmente feito, mas logo contraditoriamente desfeito, por alguns membros do Conselho de Administração da CGD.
O gesto de Freitas do Amaral configura assim uma deslealdade contra a entidade patronal.
Ou seja, um gesto feio, para além de condenável no plano laboral e até no plano da ética sindical.
Porventura um gesto intencionalmente desafiante, inserido numa tentada estratégia de vitimização, visando ganhar auréolas de que necessitará para concretizar as suas ambições políticas.
Por tudo isto, não creio que o declarado e público apoio de Freitas do Amaral a José Sócrates traga por si só ao Partido Socialista mais do que umas escassas dúzias de votos. Desengane-se quem pensar que trará muitos mais.

Mas num ponto terá Freitas do Amaral alguma razão, independentemente de qual seja a sua íntima intenção ao declará-lo.É quando afirma que Santana Lopes não tem perfil para 1º Ministro, por claramente não ter revelado nem revelar sentido de Estado (e um 1º Ministro tem de ser acima de tudo um estadista…).
E que terá perfil para Presidente de Câmara, comentador desportivo, ou dirigente de um clube de futebol.
Sublinho alguma razão, porque, quanto a mim, e no contexto indicado, o seu perfil dará só mesmo para comentador de futebol. As provas efectivamente dadas nas outras duas funções não o recomendam para qualquer uma delas.

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