<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, janeiro 17, 2005

O SINDROMA BANANA

Alguns dedicados prosélitos de Santana Lopes têm tentado fazer passar para a opinião pública a ideia de que José Sócrates como Primeiro-Ministro reproduzirá o modelo de acção política de António Guterres, caracterizado por uma manifesta falta de coragem , por constantemente hesitar , por promover o facilitismo a todos os níveis , por muito falar e dialogar e muito pouco realizar.
Essa foi, reconheço, a imagem de marca do chamado guterrismo , ao longo de 6 anos em que muitas oportunidades se desperdiçaram para arrumar as contas públicas , fazer reformas indispensáveis , fazer convergir a economia portuguesa face aos outros países da União Europeia – 15 .
É todavia destituída de qualquer bom senso , razoabilidade e inteligência , insinuar que José Sócrates irá comportar-se como mero clone de António Guterres .
De cujo estilo muito se distinguiu na acção política desenvolvida no Ministério do Ambiente , em que mostrou coragem , determinação e dinamismo . Tanto bastou para deixar obra feita . Poderá não ter sido perfeita, mas foi obra .
Sobretudo se a compararmos com a nulidade absoluta da levada a cabo nos quase 3 anos de governo do PSD , caracterizados por uma instabilidade confrangedora . Nada se fez , nada se decidiu, bem ao contrário do que havia sido prometido no programa eleitoral do PSD .
Em 2002 , e depois de uma cruzada recheada de obscena demagogia ( protagonizada em Coimbra por uma santa aliança entre uma parte da intelectualidade burguesa coimbrã , e alguns caciques locais do PSD , interessados no acesso ao poleiro do poder ) , foi deitada ao lixo a hipótese da co-incineração de resíduos industriais perigosos (RIP’s) .
É totalmente falso que os defensores desta solução estejam completamente isolados do mundo científico , como declarou há tempos Nobre Guedes , homem de leis arvorado em Ministro do Ambiente . Talvez isolados, isso sim, no mundo blasé de homens de letras , académicos , sociólogos , poetas e artistas coimbrãos .
José Sócrates bateu-se valentemente por aquela solução , mas não foi acompanhado na sua firmeza pela moleza beática e atávica de António Guterres .
Qual foi a alternativa adoptada depois para os RIP’s ? Três anos de completa paralisia , a débito vergonhoso de quatro ministros do Ambiente e nove secretários de Estado , com resmas de medidas estudadas e re-estruturadas que acabaram por não sair do papel .
Tem por isso razão José Sócrates quando declarava aqui há uns tempos :

Há três anos que estamos sem solução. Os governos PSD-PP têm tido a “síndroma banana” : “ built absolutely nothing anywhere near anyone “ . Ou seja, “ não construir absolutamente nada em lado nenhum , perto de ninguém” ...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?