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segunda-feira, novembro 08, 2004

É PERFEITAMENTE NORMAL...QUE NÃO HOSTILIZEM...

Algumas das declarações prestadas pelo ministro Álvaro Barreto na entrevista transmitida na noite passada pela RTP2 , revestem-se a meu ver de bastante gravidade e suscitam legítimas preocupações .
Disse literalmente Álvaro Barreto :

“ é perfeitamente normal que todos os empresários de todos os países e de todas as nacionalidades , adoptem políticas de não hostilização dos governos dos países onde estão instalados “

Uma tal afirmação, se proferida por um analista político , um professor de ciência política , ou um sociólogo , soaria como um mero truismo , uma verificação da realidade , e não causaria qualquer estranheza .
Dito nesta altura por um ministro ( sobretudo de um governo liderado por alguém como Santana Lopes ) , tem obviamente um outro peso e permite uma outra leitura , bem mais perversa .
É bem possível que os empresários que a lerem se reconheçam como os verdadeiros alvos destinatários da sibilina mensagem , e tenderão a interpretá-la como “ será normal que não nos hostilizem e , por consequência , a anormalidade ( ou seja uma atitude hostil para connosco, o governo) não nos cairá muito bem ...” .
Dito de outra forma : “ muito juizinho, tá bem?....”
Belmiro de Azevedo que se cuide e que bata a bolinha baixa .

Da escala do governo nacional , será depois natural e inevitável descer para o nível da gestão municipal .
E poderemos ter assim um Presidente da Câmara seguir o exemplo do ministro de Santana Lopes (ou o exemplo do próprio Santana Lopes , quando na Câmara da Figueira da Foz) , e proclamar :

“ é perfeitamente normal que todos os empresários de todos os países e de todas as nacionalidades , adoptem políticas de não hostilização das Câmaras Municipais das terras onde estão instalados “ .

Nada que não se saiba já , nada que não aconteça já .
Assim poderemos ir , pouco a pouco, subtileza a subtileza , caminhando para um mais perfeito modelo peronista , mexicano ou terceiro mundista , no relacionamento entre poder político e a classe empresarial .
Não será só Belmiro de Azevedo a ter de se cuidar . Seremos todos nós...

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