sábado, novembro 27, 2004
A LEI DE GRESHAM
Se entendo bem , Cavaco Silva , com o seu artigo de opinião hoje publicado no EXPRESSO , confirma e anuncia o seu propósito de efectivamente se candidatar a Presidente da República .
A não ser assim, ficariam sem explicação e sem sentido passagens como esta, do seu artigo :
“ Por interesse próprio e também por dever patriótico , cabe às elites profissionais contribuírem para afastar da vida partidária portuguesa a sugestão da lei de Gresham , isto é , contribuírem para que os políticos competentes possam afastar os políticos incompetentes “
Antes, no mesmo artigo, escreve :
“ Se nada for feito , é provável que a situação continue a degradar-se e só se inverta quando se tornar claro que o país se aproxima de uma crise grave . Então, algumas elites poderão chegar à conclusão de que está em causa o seu próprio futuro e dos seus familiares e que os custos de alheamento da actividade político - partidária são maiores do que os custos de participação “.
Mais claro , nesta altura, não poderia ser .
Com isto, Cavaco Silva quererá dizer que , como as coisas estão a correr em Portugal, daqui a uns tempos (quanto tempo?...6 a 7 meses? ) irá sentir estarem em causa o futuro dos seus filhos e dos seus netos...E então, concluirá também que esses custos são maiores que os seus (dele) custos em voltar a participar na vida política . Estamos em pleno domínio da ciência económica , ou seja da arte da escolha entre alternativas através da análise comparativa dos respectivos balanços custo - benefício . Cavaco Silva sabe dessa ciência .
Entretanto , vai-se estrategicamente distanciando do modelo de acção política do santanismo e de Santana Lopes, aos quais envia recados :
“ Mas talvez a razão mais forte do afastamento das elites resida na ideia de que , nos dias de hoje , o mercado político partidário não é concorrencial e transparente , de que existem barreiras à entrada de novos actores , de que não são os melhores que vencem porque os aparelhos partidários instalados e os oportunistas demagógicos não olham a meios para garantir a sua sobrevivência nas esferas do poder” .
Outro recado parece também ir para outras direcções , talvez para pessoas com peso político , a quem reconhece competência profissional e política , e que lhe estão próximos , como Marcelo Rebelo de Sousa , Pacheco Pereira , ou Manuela Ferreira Leite , a quem porventura Cavaco Silva condenará por não irem mais à luta no terreno e terem estado ausentes do Congresso do PPD-PSD :
“(...) as elites profissionais acordem e saiam da posição , aparentemente cómoda, de críticos da mediocridade dos políticos e das suas decisões e aceitem contribuir para a regeneração da actividade política” .
Mas para ter autoridade para mandar este tipo de recados, Cavaco Silva terá de ir à luta no terreno, ele mesmo. O que poderá significar enfrentar o santanismo sem subtilezas ou meias palavras .
Se entendo bem , Cavaco Silva , com o seu artigo de opinião hoje publicado no EXPRESSO , confirma e anuncia o seu propósito de efectivamente se candidatar a Presidente da República .
A não ser assim, ficariam sem explicação e sem sentido passagens como esta, do seu artigo :
“ Por interesse próprio e também por dever patriótico , cabe às elites profissionais contribuírem para afastar da vida partidária portuguesa a sugestão da lei de Gresham , isto é , contribuírem para que os políticos competentes possam afastar os políticos incompetentes “
Antes, no mesmo artigo, escreve :
“ Se nada for feito , é provável que a situação continue a degradar-se e só se inverta quando se tornar claro que o país se aproxima de uma crise grave . Então, algumas elites poderão chegar à conclusão de que está em causa o seu próprio futuro e dos seus familiares e que os custos de alheamento da actividade político - partidária são maiores do que os custos de participação “.
Mais claro , nesta altura, não poderia ser .
Com isto, Cavaco Silva quererá dizer que , como as coisas estão a correr em Portugal, daqui a uns tempos (quanto tempo?...6 a 7 meses? ) irá sentir estarem em causa o futuro dos seus filhos e dos seus netos...E então, concluirá também que esses custos são maiores que os seus (dele) custos em voltar a participar na vida política . Estamos em pleno domínio da ciência económica , ou seja da arte da escolha entre alternativas através da análise comparativa dos respectivos balanços custo - benefício . Cavaco Silva sabe dessa ciência .
Entretanto , vai-se estrategicamente distanciando do modelo de acção política do santanismo e de Santana Lopes, aos quais envia recados :
“ Mas talvez a razão mais forte do afastamento das elites resida na ideia de que , nos dias de hoje , o mercado político partidário não é concorrencial e transparente , de que existem barreiras à entrada de novos actores , de que não são os melhores que vencem porque os aparelhos partidários instalados e os oportunistas demagógicos não olham a meios para garantir a sua sobrevivência nas esferas do poder” .
Outro recado parece também ir para outras direcções , talvez para pessoas com peso político , a quem reconhece competência profissional e política , e que lhe estão próximos , como Marcelo Rebelo de Sousa , Pacheco Pereira , ou Manuela Ferreira Leite , a quem porventura Cavaco Silva condenará por não irem mais à luta no terreno e terem estado ausentes do Congresso do PPD-PSD :
“(...) as elites profissionais acordem e saiam da posição , aparentemente cómoda, de críticos da mediocridade dos políticos e das suas decisões e aceitem contribuir para a regeneração da actividade política” .
Mas para ter autoridade para mandar este tipo de recados, Cavaco Silva terá de ir à luta no terreno, ele mesmo. O que poderá significar enfrentar o santanismo sem subtilezas ou meias palavras .
Já agora . De acordo com a chamada Lei de Gresham , a má moeda tende a expulsar a boa moeda da circulação monetária . Assim, por exemplo , a moeda cunhada em prata , a partir de certa altura fez retirar da circulação monetária corrente a moeda cunhada em ouro .
A sua formulação é atribuída ao financeiro inglês Sir Thomas Gresham , que trabalhou para a rainha Isabel I de Inglaterra . Mas referências àquela tendência foram encontradas em escritos medievais , e até numa das peças de teatro de Aristófanes , na antiga Grécia .
