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quinta-feira, novembro 04, 2004


CONTRADIÇÕES DE UM CERTO ANTI AMERICANISMO

Certos afloramentos de antibushismo infra-primário , com clara sanha diabolizadora , por parte de alguns vultos da intelectualidade indígena , escondem tão somente, as mais das vezes, um anti-americanismo igualmente primário , de mistura com uma antipática arrogância , e com um manifesto gosto chic do politicamente correcto .
Eles revelam também a permanência do “afrancesamento” da nossa vida cultural , no sentido amplo da palavra, isto é , incluindo no conceito de cultura , o nosso perfil comportamental enquanto nação .
Em parte dos meios ditos “intelectuais” portugueses , o mundo é conhecido e interpretado através da leitura do “ Le Monde” , e quaisquer alusões a jornais de referência de origem anglo-saxónica são geradas , talvez por não se ter o menor domínio da língua inglesa , a partir dos excertos e análises feitas pelo mesmo “Le Monde” ...
Segundo muitas dessas opiniões , os Estados Unidos têm quase sempre tido como presidentes pessoas de reduzida craveira intelectual , medida pelos padrões de alguma inteligentzia snob corrente na Europa .
Broncos como Nixon , patetas como Carter , medíocres actores de filmes de segunda como
Reagan , mentirosos e depravados como Clinton , cow-boys disléxicos , grosseiros e incultos como Bush .
Não obstante , os Estados Unidos continuam a ser uma/a grande potência , que está muito à frente da Europa, nos domínios do poderio militar , do poderio económico , do bem estar , da ciência , do desenvolvimento tecnológico e da inovação , e até , pelo menos nos Estados da costa leste, da criatividade artística e da vitalidade da vida cultural .
E também é verdade que é para os Estados Unidos que milhões e milhões de pessoas , por esse mundo fora , sonham e gostariam de emigrar .
Deixo aos anti-bushistas ou anti-americanistas primários o encargo de explicarem tal contradição .

Ainda a propósito da vitória de Bush .
Em minha opinião , partilhada com muitos europeus que sinceramente desejam o esmagamento da hidra terrorista e do fundamentalismo islâmico , uma vitória de Kerry talvez pudesse conduzir a uma optimização e a um maior “refinamento” dos meios e da estratégia da luta anti-terrorista . Sem qualquer desarme das ofensivas em curso , e sem qualquer retirada do Iraque .
Nesses domínios, Kerry não se iria desviar nem dos objectivos nem da determinação de Bush . Isto é, mudaria quando muito o estilo, mas não a substância .
Todavia , a votação não era na Europa , mas sim nos Estados Unidos, país ao qual a guerra foi mais directa e tragicamente declarada .
São os Estados Unidos que estão a lutar mais e a dar mais a cara nessa guerra , ou não tivesse sido o 11 de Setembro uma espécie de Pearl Harbour .
Salvas as devidas proporções de escala, quer quanto às situações quer quanto aos protagonistas , imaginar que , em pleno curso da guerra , os americanos iriam escolher Kerry em vez de Bush , seria quase como imaginar que entre 1940 e 1945 , os ingleses em luta contra a barbárie nazi , tivessem preferido Chamberlain ou Lord Halifax a Churchill .
E este , em 1940 , só lhes havia prometido sangue, suor e lágrimas ...

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