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sexta-feira, outubro 08, 2004


A PRESSÃO EM DUAS FASES

Em entrevista ontem concedida à SIC Notícias , Pacheco Pereira anotava , com a sua habitual meridiana clareza , que toda esta preocupante história Rebelo de Sousa-TVI tem duas fases distintas.
Na primeira , ocorrem as destrambalhadas acusações do ministro Gomes da Silva .
Pelo seu conteúdo , pelos termos e expressões nunca antes ouvidas quando um governante criticava as televisões , pelo tom ameaçador , pelo apelo à intervenção da AACS , pelo facto de ser um ministro a falar , conferindo peso institucional às suas declarações , estas configuram , objectivamente , e sem margem para dúvidas , uma intolerável pressão sobre a TVI .
Por isso, no mínimo , o ministro Gomes da Silva deveria demitir-se ou ser demitido.
Se a fala do ministro foi ou não concertada com o Primeiro Ministro , isso já será questão de fé . Eu acredito que foi . Mas não será fácil prová-lo , como é óbvio .
Na segunda fase ,ocorreu a entrevista entre o dono da TVI e Marcelo Rebelo de Sousa , e o estrondoso anúncio do seu afastamento ..
Agora , importaria apurar , com objectividade , se o que se passou foi realmente consequência de outras pressões sobre a TVI , desta vez mais directas e claras , por parte de Santana Lopes e/ou algum dos seus ministros .
Só que também isto será difícil de provar , sendo portanto uma questão de fé.
Eu acredito que houve de facto essas pressões , por verificar abundarem os indícios comprovativos .
Um deles , apontado com argúcia por Pacheco Pereira , é o facto da TVI não ter reagido de imediato à provocação do ministro . Seria uma questão de ética , como referiu Pacheco Pereira , a TVI ter saído logo a terreiro, em defesa de um dos seus colaboradores e em defesa da sua independência como meio de comunicação social . Como porventura teria feito a SIC , a exemplo do que já aconteceu noutras situações , envolvendo muito menor gravidade .
De qualquer forma , alguns dos “ses...” expressos por Cavaco Silva , e ontem curiosamente também repetidos por Dias Loureiro no debate realizado na RTP 2 , quando declara que “(...) se tiver havido pressão , então é muito grave!...” , não terão justificação.
É que pressões foram de facto exercidas , à vista de toda a gente , pelo menos na primeira fase do processo , por Gomes da Silva , ministro, amigo e já antigo homem de mão de Santana Lopes .
Tanto basta para que todo o comportamento do ministro seja considerado extremamente grave , e para que seja indispensável a sua demissão . Pelo menos...

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