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quinta-feira, outubro 07, 2004


CIRCO E VITIMIZAÇÃO

Lido hoje no editorial da Capital , assinado por Luís Osório :

O póquer total

Pedro Santana Lopes começou a executar o único plano que lhe pode garantir uma hipótese de sobrevivência política. Um plano que tem como objectivo principal a queda do seu governo às mãos do Presidente da República e a sua posterior vitimização, na qual é um temível especialista. O primeiro-ministro sabe que, nas actuais circunstâncias, jamais poderá evitar uma vitória esmagadora do Partido Socialista se levar a sua governação até ao fim do mandato. A profusão de escândalos e incompetências, aliada a uma ausência de legitimidade política e à desconfiança crescente de Jorge Sampaio e da opinião pública, condená-lo-ia a uma derrota amarga e lenta, um insucesso do qual dificilmente se recomporia. Santana Lopes, qual artista de circo, joga assim com os trunfos que lhe restam. Provoca o Presidente da República com a instauração de uma censura directa às opiniões de Marcelo Rebelo de Sousa, ex-presidente do seu próprio partido. De um único golpe toca num valor sagrado para Sampaio e corporiza essa detracção na figura do homem que o Presidente gostaria de ter visto como primeiro-ministro antes da imposição do seu próprio nome pelas bases do PSD. Nesta jogada radical pensa que terá uma maior hipótese de resistir às dificuldades. Não deixa José Sócrates e o aparelho socialista ganhar balanço, e dirá aos portugueses que o Presidente da República lhe condicionou desde o princípio a sua governação e, se for caso disso, acusará o Partido Popular de ser uma força de bloqueio. Pedro Santana Lopes acredita que sozinho, tendo como únicos fiéis as bases e os apparatchiks que o seguem para todo o lado, poderá falar cara a cara com os portugueses e assim convencê-los de que merece ter a oportunidade de poder governar com condições de liberdade e em pleno direito.

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