quarta-feira, julho 07, 2004
A ANGÚSTIA DA DECISÃO
Em editorial do PUBLICO de hoje , o seu director coloca com clareza o dilema e as duas opções perante as quais o Presidente da República se encontra indeciso e com necessidade de fazer uma escolha difícil .
1 - Convocar eleições pode deixá-lo com um Parlamento incapaz de formar um
Governo estável (esse é até o cenário mais provável, pois ninguém acredita,
hoje por hoje, em maiorias à esquerda ou à direita).
2 - Fazer a experiência de entregar São Bento a Santana Lopes, esperando com
isso "vacinar" os portugueses contra o populismo e conservando a possibilidade
de convocar eleições em 2005 - um cenário defendido por Joaquim Aguiar -,
pode ser grave para o país e não resultar em nenhuma "vacina".
Ninguém lhe invejará o cargo , nesta altura .
O meu palpite é que acabará por convidar Santana Lopes a formar governo .
Talvez acompanhe essa decisão com um discurso de algum distanciamento face à solução que se viu quase que “obrigado” a adoptar , por entender que o texto constitucional (com o seu jogo de sombras entre poderes do Parlamento e do Presidente da República) ,e as práticas democráticas correntes , assim o determinariam .
É que bem vistas as coisas , a convocação de eleições antecipadas poderá :
- abrir a porta para uma manobra de vitimização por parte de Santana Lopes , oferecendo-lhe pretexto e um bode expiatório, para depois vir dizer que se a situação está como estará , é por causa da intervenção do Presidente da República de dissolver o Parlamento;
- provocar o toque a reunir de toda a tribo do PPD-PSD , de modo a tornar inviável qualquer exercício de divergência/dissidência interna tendente a começar a desmistificar o mito e a criar alternativas alinhadas com o verdadeiro pensamento político de Sá Carneiro , e o keynesianismo de Cavaco Silva ;
- contribuir para alimentar o mito de Santana Lopes , mito do qual se costumam alimentar os populismos ;
- não dar tempo a que no PS se crie e consolide uma nova liderança que proporcione mais credibilidade ao eleitorado ( sobretudo o do centro , que é com o qual se ganham as eleições) , pois António Vitorino só depois de Novembro regressará , como prometeu , à vida política nacional activa .
Em editorial do PUBLICO de hoje , o seu director coloca com clareza o dilema e as duas opções perante as quais o Presidente da República se encontra indeciso e com necessidade de fazer uma escolha difícil .
1 - Convocar eleições pode deixá-lo com um Parlamento incapaz de formar um
Governo estável (esse é até o cenário mais provável, pois ninguém acredita,
hoje por hoje, em maiorias à esquerda ou à direita).
2 - Fazer a experiência de entregar São Bento a Santana Lopes, esperando com
isso "vacinar" os portugueses contra o populismo e conservando a possibilidade
de convocar eleições em 2005 - um cenário defendido por Joaquim Aguiar -,
pode ser grave para o país e não resultar em nenhuma "vacina".
Ninguém lhe invejará o cargo , nesta altura .
O meu palpite é que acabará por convidar Santana Lopes a formar governo .
Talvez acompanhe essa decisão com um discurso de algum distanciamento face à solução que se viu quase que “obrigado” a adoptar , por entender que o texto constitucional (com o seu jogo de sombras entre poderes do Parlamento e do Presidente da República) ,e as práticas democráticas correntes , assim o determinariam .
É que bem vistas as coisas , a convocação de eleições antecipadas poderá :
- abrir a porta para uma manobra de vitimização por parte de Santana Lopes , oferecendo-lhe pretexto e um bode expiatório, para depois vir dizer que se a situação está como estará , é por causa da intervenção do Presidente da República de dissolver o Parlamento;
- provocar o toque a reunir de toda a tribo do PPD-PSD , de modo a tornar inviável qualquer exercício de divergência/dissidência interna tendente a começar a desmistificar o mito e a criar alternativas alinhadas com o verdadeiro pensamento político de Sá Carneiro , e o keynesianismo de Cavaco Silva ;
- contribuir para alimentar o mito de Santana Lopes , mito do qual se costumam alimentar os populismos ;
- não dar tempo a que no PS se crie e consolide uma nova liderança que proporcione mais credibilidade ao eleitorado ( sobretudo o do centro , que é com o qual se ganham as eleições) , pois António Vitorino só depois de Novembro regressará , como prometeu , à vida política nacional activa .